Michael O´Leary, presidente da Ryanair, ameaçou que iria cancelar voos e reduzir aviões baseados em Lisboa, se não lhe fossem cedidos slots da TAP até 4 de março. Apelou diretamente ao primeiro ministro, e como não obteve resposta, avisa que vai cumprir o prometido.

A 28 de fevereiro, a companhia aérea low cost Ryanair apelou ao primeiro-ministro, António Costa, para que fossem libertados slots (faixas horárias) não usados pela TAP até 4 de março, deixando subjacente uma ameaça: se tal não acontecesse iria cancelar rotas e reduzir o número de aviões de sete para quatro. O Governo português não respondeu ao ultimato de Michael O´Leary, e esta terça-feira o presidente da companhia irlandesa avisou que este verão haverá menos voos do que o previsto pela Ryanair em Lisboa, por que iriam ser cancelados cinco mil voos. O gestor afirma ainda que serão afetados 150 postos de trabalho.

O cancelamento anunciado terá efeito apenas nos voos do chamado verão IATA, já que a Ryanair estima que voltará a repor a oferta a partir de outubro. Altura em que passará de novo a ter sete aeronaves baseadas em Lisboa, já que no inverno os slots disponíveis em Lisboa são suficientes.

“A Ryanair, a companhia aérea nº 1 da Europa, anuncia hoje, dia 8 de março, que foi forçada a reduzir o número de aeronaves baseadas em Lisboa, de sete para quatro, para o verão de 2022, provocando o cancelamento de 5000 voos, 900.000 passageiros e de 19 rotas de Lisboa para outros destinos”, anunciou esta terça-feira a transportadora.

A companhia explica, em comunicado, que esta ação “deve-se ao facto de a TAP continuar a bloquear slots no aeroporto de Lisboa”, que diz que a transportadora portuguesa não irá usar este verão. E aponta responsabilidades ao Governo português: “Estes cancelamentos – que poderiam ser evitados – acontecem após inúmeras tentativas, por parte da Ryanair, em solicitar ao Governo português que interviesse na libertação dos slots inutilizados pela TAP no verão 2022″. O´Leary diz que teve “zero” respostas do executivo português.

O mesmo responsável acusa ainda a TAP de ter reduzido a sua frota (na sequência do plano de reestruturação) em 20%, mas de ter libertado menos de 5% dos seus slots em Lisboa, bloqueando com isso o crescimento de outras companhias aéreas. E estima que o cancelamento dos cinco mil voos terá um impacto de mais de 250 milhões de euros em receitas turísticas perdidas no verão. A TAP, recorde-se, será forçada, pela Comissão Europeia, na sequência da aprovação do plano de reestruturação, a libertar 18 slots diários, a partir do inverno de 2022”.

A Ryanair adianta que “todos os passageiros afetados por estes cancelamentos irão receber notificações no email até ao final desta semana, com a possibilidade de reembolso ou voos alternativos de/para Lisboa para o Verão 2022”.