52% dos estudantes estão no mercado de arrendamento paralelo, sem contratos ou recibos de renda, acusou esta terça-feira a Federação Académica do Porto (FAP), na sequência de um inquérito realizado junto dos estudantes da Academia do Porto – foram inquiridos 1.325 estudantes, a maioria inscritos em Instituições de Ensino Superior públicas (87%) e em cursos de licenciatura (65%). Entre o total de inquiridos, 20% são estudantes recém-colocados, que ingressaram no Ensino Superior entre setembro e outubro deste ano.

Entre os mais de mil estudantes deslocados que responderam ao inquérito (76% do total de inquiridos), ainda há 17% que não conseguiram encontrar alojamento. Porém, entre aqueles que já se encontram alojados, cerca de 1 em cada 3 afirmam estar alojados “num quarto ou casa que representa um grande esforço financeiro”.

Cerca de 1 em cada 4 estudantes deslocados concorreram a alojamento em residências dos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto ou do Instituto Politécnico do Porto, mas cerca de 150 não tiveram vaga, o que corresponde a 60% dos estudantes que declararam ter concorrido.

Ana Gabriela Cabilhas, presidente da FAP, revelou ainda que “52% dos estudantes deslocados estão no mercado de arrendamento paralelo, sem contrato nem recibos de renda, não podendo comprovar a despesa para concorrer ao complemento de alojamento para bolseiros ou ao novo apoio anunciado pelo Ministério, dirigido a estudantes que sendo de famílias de baixos rendimentos, não são bolseiros”.

Segundo o inquérito, um estudante deslocado paga, em média, 318 euros por um quarto no mercado de arrendamento: a estes valores acresce que cerca de metade dos estudantes ainda é forçado a suportar despesas não incluídas na renda, designadamente com água, energia ou internet, o que em média se traduz em pelo menos mais 35 euros mensais. Entre os inquiridos, há ainda aproximadamente 20% de estudantes que pagam mais de 400 euros por um quarto, dos quais 42% referem estar a fazer um grande esforço financeiro para suportar a despesa.

“Perante este contexto, num ano que está a ser marcado por um aumento sem precedentes da taxa de inflação, se não forem urgentemente encontradas soluções, muitos estudantes poderão ser forçados a abandonar o Ensino Superior por falta de condições financeiras”, alertou a responsável – 18% dos estudantes deslocados que tiveram de procurar alojamento no mercado de arrendamento afirmaram já ter ponderado, ou estarem a ponderar, abandonar o Ensino Superior e 16% preferiram não responder à pergunta.