Violência na saúde aumenta. Mais de 1.300 casos até ao momento

Mais de sete mil profissionais de saúde participaram em ações sobre como notificar casos de violência, o que fazer para autoproteção, e como pedir apoio psicológico ou jurídico.

Até 31 de outubro de 2022, a plataforma Notifica da Direção-Geral da Saúde (DGS) deu conta de 1.347 episódios de violência contra profissionais de saúde, um aumento face aos 825 casos reportados em todo o ano de 2020, e aos 961 contabilizados em 2021. Face à apresentação do seminário ‘Violência no Setor da Saúde – Da Prevenção à Ação’, esta quinta-feira, o organismo realçou, contudo, que este “acréscimo de notificações dever-se-á, em parte, ao reforço da formação dos profissionais de saúde”.

Em comunicado a entidade notou que “maioria das vítimas dos episódios de agressão registados nos primeiros dez meses de 2022 são médicos (32%)”, ainda que 31% dos enfermeiros e 29% dos assistentes técnicos também tenham sido visados.

“A violência psicológica (67%) é a que mais se evidencia nos dados dos episódios de violência notificados na Plataforma Notifica entre janeiro e outubro de 2022, seguindo-se o assédio (14%) e violência física (13%)”, apontou ainda o comunicado, que complementou que “das 831 situações de violência reportadas, 75 foram denunciadas criminalmente, 102 profissionais tiveram seguimento em apoio jurídico (esclarecimentos de dúvidas) e 370 profissionais foram encaminhados para apoio psicológico”.

A DGS ressalvou também que este fenómeno é acompanhado com “elevada preocupação”, estimando-se que, “mundialmente, cerca de 50% dos profissionais da saúde sofram pelo menos um episódio de violência física ou psicológica em cada ano”

“A violência no setor da saúde tem um impacto direto nos profissionais de saúde e indireto em toda a população portuguesa. São conhecidas as consequências da violência na saúde física e psicológica das pessoas atingidas e nas que presenciam episódios de violência e o impacto consequente na qualidade dos serviços que estas possam prestar nas respetivas atividades profissionais, nomeadamente pelas atitudes defensivas que possam adotar, limitações da sua atividade ou ausências temporárias ou definitivas ao trabalho”, acrescentou.

O trabalho dá ainda conta de que, no primeiro semestre de 2022, mais de sete mil profissionais de saúde participaram em ações sobre como notificar casos de violência, o que fazer para autoproteção, e como pedir apoio psicológico ou jurídico, no âmbito do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde (PAPVSS) da DGS.

Segundo a DGS, “foram 227 as ações de formação e prevenção de violência realizadas por iniciativa das instituições de saúde, e 139 as que foram ministradas por elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP)/Guarda Nacional Republicana (GNR) a médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e assistentes operacionais. Paralelamente, foi efetuado o reforço das atividades de literacia e sensibilização com várias campanhas ao longo do país”, esclareceu, na mesma nota.

Além disso, o organismo salientou que a rede de apoio psicológico a profissionais de saúde vítimas de violência no local de trabalho está presente em 67 instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ao passo que a rede de apoio jurídico se encontra em 56 instituições do SNS.

De notar que o Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde da DGS está inserido no Programa de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida, visando “prevenir a violência no setor da saúde, abordar adequadamente os episódios de violência, apoiar os profissionais do setor da saúde vítimas de violência e mitigar as consequências da violência”.