Os resultados dos Censos 2021 revelam ainda que o número de divorciados aumentou, assim como o de pessoas que vivem sozinhas. O casamento continua a perder peso assim como a fé. O número de pessoas sem religião duplicou na última década em Portugal.
Os resultados definitivos dos Censos 2021 foram divulgados esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatísticas. Os dados, recolhidos entre o dia 5 de abril e 31 de maio, de 2021, permitem assim fazer uma ‘fotografia’ atualizada da população portuguesa, mostrando o que mudou na última década no país a nível do agregado familiar, educação, migração, densidade populacional, habitação, entre outros.
A partir deles, por exemplo, ficamos a saber que somos menos do que éramos há 10 anos. Portugal perdeu 2,1% da população, invertendo a tendência de crescimento registada nas últimas décadas. E, muito provavelmente, esta percentagem só não é mais alta porque há mais 37% de estrangeiros a viver no nosso país do que havia há uma década.
Além disso, mais de 1,6 milhões de portugueses que emigraram, pelo menos durante um ano, para diferentes países, mas com mais incidência em França, regressaram às suas origens.
O envelhecimento da população também se agravou. Em 2021, a percentagem de população idosa (65 anos e mais anos) representava 23,4% da população portuguesa, enquanto a de jovens até aos 14 anos era apenas de 12,9%. A baixa natalidade e o aumento da longevidade são apontadas como as principais razões para que o índice de envelhecimento tenha passado dos 128 idosos por 100 jovens, em 2011, para 182 idosos por 100 jovens, o ano passado.
Onde se verifica igualmente um desequilíbrio mais acentuado que há uma década é na distribuição populacional pelo território. De acordo com os Censos 2021, o interior voltou a perder habitantes. Já o Algarve e Lisboa são as regiões que registaram um maior crescimento da população.
Uma boa notícia que estes resultados nos trazem é que o nível de escolaridade da população residente em Portugal aumentou na última década, destacando-se o aumento de pessoas com ensino superior. Ainda assim ainda há cerca de 300 mil pessoas, com pelo menos 10 anos, que não sabem ler nem escrever.
Já um dado menos positivo é a percentagem de divorciados que voltou a aumentar e representa já 8% da população residente no nosso país, ultrapassando assim o número de viúvos, que corresponde a 7,5%.
Ainda na temática dos agregados familiares, verifica-se um aumento bastante significativo das uniões de facto. Face a 2011, verificou-se, em 2021, um aumento de 38,2%. O casamento continua assim a perder peso, tal como se tinha verificado há uma década.
O que também cresceu foi o número de famílias monoparentais e de núcleos reconstituídos, assim como a quantidade de portugueses a viver sozinho. Neste momento, quem vive só representa quase um quarto do total das famílias residentes em Portugal.
Quanto à religião, os resultados dos Censos 2021 dão conta que o número de católicos diminuiu na última décadas, contudo, são mais de 80% os portugueses que continuam a identificar-se com a Igreja Católica.
Apesar disso, o número de pessoas sem religião duplicou na última década. São já 1.237.130 os que declararam não professarem qualquer crença religiosa.
Em relação à habitação, destaque para os encargos com compra de casa que recuaram, nos últimos 10 anos, 8,6%. Já as rendas subiram 42,1%.
Nesta senda, Portugal registou “um ligeiro crescimento” dos alojamentos para habitação entre 2011 e 2021, mas a “ritmo bastante inferior” ao de décadas anteriores. O arrendamento aumentou 16%.
Reforçou-se ainda a importância da primeira habitação, em detrimento das residências secundárias e dos alojamentos vagos.
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