Domingos Bragança destacou a importância do percurso pedonal para a divulgação do património e para um melhor entendimento da história de Guimarães.

Guimarães desenvolveu-se a partir da “Vila de Baixo”, nome dado ao primeiro núcleo que constitui o burgo vimaranense e que se desenvolveu junto ao Mosteiro de Guimarães, mandado edificar pela Condessa Mumadona Dias. Mais tarde, por questões de defesa do território, Mumadona Dias mandou construir o Castelo de Guimarães, junto do qual cresce a “Vila de Cima”. É em torno destes dois núcleos, onde gravitam as forças religiosas, civis e militares, que Guimarães cresce como importante cidade do noroeste peninsular. Foi com este enquadramento, que antes tinha sido também referenciado por Isabel Fernandes, diretora do Museu de Alberto Sampaio, que Domingos Bragança, Presidente da Câmara, relevou a importância da inauguração do percurso pedonal do adarve da Muralha – que liga a zona do Museu de Alberto Sampaio ao topo da Avenida Alberto Sampaio, junto ao Largo da Condessa Mumadona – que teve lugar na manhã deste domingo.

Domingos Bragança destacou a importância da defesa do património para o entendimento da história de Guimarães, para uma fruição mais consciente do que representa muito do edificado e porque é que ele existe e deve ser preservado. “Dos alicerces da fundação do Mosteiro de Guimarães rumo ao Monte Latito, este percurso permite-nos perceber de que forma a cidade se foi desenvolvendo e crescendo. O que mais desejo é que o nosso património seja bem cuidado, bem reabilitado e bem usado, e que possa abrir-se, na medida do possível, à fruição cultural dos Vimaranenses e de todos os portugueses”, disse. Para o Presidente da Câmara este caminho de reabilitação do património, iniciado há décadas, terá seguimento, e aponta a atenção que está a ser dada a outros locais de grande importância para a história de Guimarães, como é o caso da abertura ao público da Torre da Alfândega e da reabilitação das ruas D. João I e Francisco Agra e, depois, outros locais. Domingos Bragança concluiu a sua intervenção dizendo que “o objetivo é compreendermos a nossa história… e estou certo que, ao percorrem o adarve, se vão dar conta da importância da ligação entre os dois núcleos da cidade, a vila de baixo e a vila de cima, e do que isso representava para a fortificação do burgo vimaranense”.


Isabel Fernandes, diretora do Museu de Alberto Sampaio, referiu a importância de Guimarães no século X pela confluência de eixos que permitia. “Era importante que esta Muralha pudesse ser visitada por quem cá vive e quem nos visita, pelo que temos que agradecer à Câmara Municipal de Guimarães por uma obra que oferece segurança, que está muito bem feita, e que permite a todos usufrui-la gratuitamente”, destacou.


Na cerimónia pública interveio ainda José Bastos, vereador da Cultura no mandato anterior, um dos responsáveis pelo início do projeto, que referiu ser com “grande alegria e satisfação ver concluída uma obra que, com o apoio de fundos comunitários, permitiu disponibilizar a fruição do património de Guimarães”. Um projeto que, como Miguel Melo, arquiteto da Câmara Municipal, referiu, “pretendeu valorizar a Muralha e criar a possibilidade de o adarve ser acessível através de uma estrutura simples e reversível, que mantivesse a autenticidade através de uma linguagem contemporânea”.


O percurso pedonal do adarve da Muralha teve como ponto de partida uma proposta encabeçada por Miguel Bastos, apresentada ao abrigo do Orçamento Participativo, e que, apesar de não ter tido o número de votos suficiente para ser aprovada, foi abraçada pelo executivo da Câmara Municipal. “O papel da sociedade civil é muito importante, como atestam os muito exemplos ao longo da nossa história”, frisou Miguel Bastos. “Achava um desperdício que este espaço não pudesse estar disponível para visita pública, e isso agora foi concretizado. Muito obrigado a todos”, concluiu.


A abertura da cerimónia oficial de inauguração do percurso pedonal do adarve da Muralha foi abrilhantada com a atuação musical do grupo Osmusiké, que interpretaram canções inspiradas na história de Guimarães, dando contexto à importância do momento.


O percurso pedonal pode ser fruído gratuitamente, todos os dias, entre as 10h00 e as 22h00. A entrada deverá ser feita pela lateral direita da fachada do Museu de Alberto Sampaio, percorrendo-se, em sentido único, a distância até ao topo da Avenida Alberto Sampaio, junto ao Largo Condessa Mumadona, com saída pela porta lateral da Muralha, na Câmara Municipal de Guimarães. As crianças deverão fazer-se acompanhar por adultos.