O ex-vice-presidente do PSD André Coelho Lima recusou “uma visão utilitária da imigração” e considerou que as reservas ao acolhimento de imigrantes revelam “défice de mundividência” e são “pouco inteligentes”.

stas posições foram assumidas pelo deputado social-democratas na rede social Twitter, em publicações de domingo à noite. Contactado pela Lusa, Coelho Lima escusou-se a fazer mais comentários sobre o tema.

“Não subscrevo – de todo – uma visão utilitária da imigração. Não me revejo em arrogância integracionista sobretudo por quem durante décadas precisou de ser acolhido (e não perguntou se havia essa necessidade nos países de acolhimento). Reservas ao acolhimento de imigrantes além de revelaram défice de mundividência são, para mais, pouco inteligentes. São as nossas empresas, a nossa Segurança Social e a nossa natalidade que o dizem”, escreveu André Coelho Lima.

Esta publicação surge no final de uma semana em que o presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu que o país deveria receber imigrantes “de forma regulada” e “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.

Montenegro insistiu na sua proposta nacional de atração de imigrantes que, considerou, permitiria “sabermos quem é que precisamos em Portugal, quem é que nós queremos em Portugal e para podermos acolher e integrar esses colaboradores no nosso desenvolvimento”.

André Coelho Lima, antigo vice-presidente de Rui Rio, partilha no Twitter a intervenção que fez no parlamento em 18 de janeiro — num debate marcado pelo PSD sobre imigração — dizendo que descreve o que pensa e “o que caracteriza o PSD”.

“Eu tenho uma certa vergonha de nós, Portugal, país de emigração, que tantas vezes fomos acolhidos noutros países estarmos a ser ingratos para quem nos procura a nós. Acho isso lamentável. Sim, é para vós”, referiu então no parlamento André Coelho Lima, dirigindo-se à bancada do Chega no debate.

Numa outra publicação feita também no domingo à noite, o deputado partilhou também um vídeo de uma parte do comentário semanal de Marques Mendes na SIC, em que este elogiou a atuação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, após as agressões a um cidadão nepalês em Olhão.

“Bem me parecia que eram estes os valores do PSD; sempre não me enganei no partido”, escreve André Coelho Lima.

No último Congresso do PSD, em julho do ano passado, André Coelho Lima, atualmente coordenador da bancada na comissão de revisão constitucional, defendeu que o partido “não pode ser um federador das direitas”

“O PSD não pode ser um federador das direitas ou descaracteriza-se, porque nós não temos nada que ver com o socialismo democrático”, afirmou então Coelho Lima, apontando que os sociais-democratas também não têm “nada que ver com a direita securitária, corporativista e moralista, nem sequer com uma direita socialmente insensível, contra a progressividade fiscal e contra a presença reguladora do Estado”.