Passados dois anos e a dois meses da abertura da época balnear, a Agência Portuguesa do Ambiente ainda não fez as obras prometidas, nem permitiu a limpeza do areal.

A polémica “estalou” em 2021. E passados dois anos, a praia da Estela, na Póvoa de Varzim, continua com o mesmo cenário. Centenas de sacos de areia e betão espalhados pelo areal, a apenas dois meses de abrir a época balnear.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em 2021, prometeu obras, mas essas ainda não saíram do papel. O Estela Golfe afirma que a APA nem sequer possibilitou a retirada das centenas de sacos, já danificados.

A situação está a colocar em perigo uma duna, que põe em risco o campo de golfe, bem como os campos hortícolas da Estela, Navais e Aguçadoura.

“Expressamos o nosso desejo, numa atitude cívica, de retirar do areal aqueles [sacos] que estavam desfeitos e enterrados na areia, mas não tivemos autorização para isso”, avançou ao ‘Jornal de Notícias’ (JN), o presidente do Estela Golfe, Jorge Nelson Quintas.

Com o intuito de deter o avanço do mar, a APA, há cinco anos, ordenou a colocação de um cordão “geo bags”, de forma a proteger a duna, em perigo. A empreitada foi saldada pelo Estela Golfe, que está, desde 1989, próximo da praia e devido ao avanço do mar tinha já locais do campo de golfe em perigo de derrocada.

Os apelos para “salvar” a praia

Esta circunstância levou, em março de 2021, uma médica, Sara Pereira, a desenvolver, na rede social Facebook, o grupo “Praias da Póvoa sem Plástico”, de modo a denunciar o sucedido.

O Bloco de Esquerda foi ao local e dias mais tarde a Câmara Municipal, APA e Estela Golf estiveram reunidas. Na altura, o autarca, Aires Pereira escreveu ao ex-Ministro do Ambiente, Matos Fernandes. O presidente da autarquia recordava que o campo de golfe, mais do que uma infraestrutura privada, atua “como tampão” dos antigos campos masseiras, que, construídos abaixo do nível do mar, seriam inundados e “contaminados” pela água salgada, se existisse rutura daquela duna.

Em prol das duas mil empresas e dez mil trabalhadores, que são dependentes daqueles campos e cujas hortícolas fornecem todo o norte de Portugal e Galiza, a Horpozim – Associação Empresarial Hortícola associou-se ao protesto. Estes, pediam uma alimentação artificial da praia e uma forte intervenção.

A APA “vestiu” a praia com areia, em setembro. Despendeu 115 mil euros e tapou os sacos, contudo a intervenção nunca apareceu. E passados três meses, o cenário era o mesmo.
Atualmente, além dos sacos, o areal também está “recheado” de ferros e pedaços de betão, derivados dos três quilómetros de muro que estavam a delimitar o Estela Golf da praia da Estela e que deixaram de existir, uma vez que foram “engolidos” pelo mar.