As autoridades detetaram a participação de 90 implicados em 35 casamentos civis e uniões de facto, formalizadas por meio de notários tanto em Melilha, como em Barcelona.

A polícia deteve 50 pessoas, ao longo do último ano, na cidade autónoma espanhola de Melilha, no norte de África, por alegada participação em 35 casamentos ou uniões de facto falsos, mas também em Barcelona, como forma ilegal de acesso à Europa para cidadãos marroquinos.

A notícia é avançada pela agência EFE, que escreve que estão ainda pendentes 40 mandados de captura relacionados com a investigação.

Em comunicado de imprensa, a polícia de Melilha informou que um tribunal de instrução da cidade ordenou a prisão preventiva de um dos detidos, que será o cabecilha desta rede criminosa.

Mais concretamente, esta pessoa dirigia um consultório dedicado a auxiliar em procedimentos de imigração – apesar de não estar registada como tal – e oferecia os seus serviços dos dois lados da fronteira, para o que se socorria dos seus conhecimentos de língua tamazight (falada em Marrocos) e de espanhol, e do facto de grande parte da sua família viver em território marroquino.

Dessa forma, dava a conhecer-se aos clientes, que chegavam a pagar-lhe quantias superiores a 12 mil euros para obter a documentação que lhes permitia a estadia em Espanha mediante a formalização, perante um notário, de casamentos ou uniões de facto com cidadãos espanhóis, e na presença de falsas testemunhas.

O principal investigado, segundo a polícia, chegou mesmo a enganar alguns interessados, cobrando-lhes dinheiro sem ter efetuado nenhuma das formalidades.

Para isso, recorriam a angariadores, que eram o nível seguinte da rede, que recrutavam falsos cônjuges entre cidadãos espanhóis particularmente carenciados financeiramente e até com problemas psicológicos ou dependências, que se dispunham a participar no esquema em troca de quantias de cerca de 4.000 euros. Também recrutavam testemunhas, que aceitavam testemunhar o casamento falso em troca de quantias que variavam entre 300 e 500 euros.

A polícia detetou alguns casos em que colaboradores habituais desta rede criminosa participavam como testemunhas em mais do que uma união, ao passo que outros apresentavam-se como conjugues em relacionamentos que eram formalizados enquanto estavam ainda outros em vigor. 

As autoridades detetaram a participação de 90 implicados em 35 casamentos civis e uniões de facto, formalizadas por meio de notários tanto em Melilha, como em Barcelona.