O setor cooperativo reuniu-se hoje em Lisboa para se afirmar como “solução complementar” no combate à crise na habitação e reivindicou um lugar à mesa da concertação social.
A propósito do Dia Internacional das Cooperativas, que se celebra em 01 de julho, a Confederação Cooperativa Portuguesa (Confecoop), a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) e a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) realizaram hoje, na Sociedade Portuguesa de Autores, a conferência “Os desafios da habitação no contexto atual”.
Na sessão, os vários representantes do setor sublinharam que as cooperativas têm um papel a desempenhar na habitação, mas, para o fazerem de forma eficaz, são necessárias mudanças no enquadramento legal e fiscal.
Eduardo Graça, presidente da CASES, deu voz à reivindicação coletiva de “tomar lugar” na comissão permanente da concertação social.
“Não é justo, pelo peso que tem, que não tenha assento. Isto vai ter de ser reparado num momento qualquer”, vincou, sublinhando que o cooperativismo está entre os setores que criam mais valor e emprego, contando já com 70 mil entidades, que representam 3% da economia nacional e 6% do trabalho remunerado a tempo integral.
Porém, lamentou, “às vezes o setor não tem sido suficientemente valorizado”.
Assinalando que, na habitação, se assiste a um “processo de reativação”, Eduardo Graça perspetivou que se vai “assistir nos próximos tempos a uma nova vaga de criação de cooperativas de construção e habitação e de revitalização das já existentes”.
Na abertura da conferência, a ministra da Habitação, que participou à distância, reconheceu que o setor carece de um enquadramento jurídico e fiscal “mais propício”.
Marina Gonçalves agradeceu ao setor cooperativo por se focar na habitação enquanto “prioridade coletiva” e colocou-o ao nível do parque público e do mercado privado.
Assegurando que o Governo quer ser parceiro do setor cooperativo, frisou: “Temos instrumentos financeiros e terrenos identificados para isso”.
Falando numa “nova geração de cooperativismo”, Marina Gonçalves disse que, após a aprovação final, pela Assembleia da República, do Programa Mais Habitação, que deverá acontecer em julho, será tempo de “arregaçar as mangas”.
Os representantes do setor saudaram a vontade política do Governo em colocar as cooperativas na agenda, mas sublinharam que “agora é preciso cumprir”, apostando nas infraestruturas e reforçando o investimento.
Julieta Sanches, presidente da Confecoop, realçou que a atual crise “obriga a muitos diálogos e entendimentos” e pediu “continuidade na aposta na capacitação dos agentes da economia social”.