O vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, o principal órgão de poder no processo de transição sudanês, garantiu hoje que não há mercenários do Grupo Wagner no país africano.
“As forças da empresa militar privada Wagner não estão presentes no Sudão. Estão presentes em vários outros países, no sul da Líbia, na República Centro-Africana e nos estados que fazem fronteira com o Sudão”, disse Malik Agar durante uma conferência de imprensa por ocasião da sua visita à Rússia.
Agar afirmou que o exército sudanês não tem “qualquer relação” com as forças do Grupo Wagner, lideradas pelo empresário Yevgeny Prigozhin, que encenou uma rebelião armada no passado fim-de-semana, e que também negou recentemente no seu canal Telegram que os seus homens estivessem presentes no Sudão.
Agar disse também que “não há confirmação” de que os mercenários estejam ligados ao grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (FAR).
De acordo com um relatório recente do European Union Institute for Security Services (EUISS), um instituto de análise europeu, a estrutura até agora liderada por Prigozhin já apoiou o general Abdel Fattah al-Burhan, líder do Conselho Soberano, mas está desde abril ao lado de Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemeti, o general paramilitar que lídera as FAR.
Hemeti admitiu já que as suas tropas foram treinadas pelo Grupo Wagner, mas vários analistas acreditam que o grupo também pode estar a fornecer munições e combustível.
Entretanto, Prigozhin já negou que as tropas do Grupo Wagner tenham nos últimos dois anos estado presentes no Sudão, onde uma das suas empresas foi autorizada a exportar ouro de uma mina sudanesa.
Malik Agar explicou ainda que durante a sua visita a Moscovo, onde se encontrou esta quinta-feira com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, não pediu armas à Rússia.
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“Falámos de questões políticas, de acabar com a guerra (no Sudão). Não falámos de fornecimento de armas e recebemos a promessa de que receberíamos apoio, ajuda humanitária. Penso que iremos discutir questões militares após o fim desta guerra”, sublinhou.
O vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão considerou que a Rússia pode contribuir para a resolução do conflito no seu país.
“Recorremos a um certo número de Estados que podem influenciar a situação no país e influenciar a política internacional. Um desses países é a Rússia. A Rússia é uma grande potência, que desempenha um papel importante no mundo, é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e pode influenciar a situação”, afirmou.
O Sudão está a viver um grande conflito após a eclosão de combates entre o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido em 15 de abril. As partes beligerantes assinaram uma trégua na passada quarta-feira.
O conflito no Sudão provocou a deslocação interna e externa de quase 3 milhões de pessoas, enquanto mais de 1.173 civis foram mortos e 11.704 ficaram feridos, segundo a ONU.