O Rock in Rio Febras, um pequeno festival de entrada livre, em Briteiros S. Salvador, Guimarães, foi intimado pela empresa do gigante Rock in Rio Lisboa a mudar de nome, alegando “concorrência desleal
“Comunicamos (com um enorme sorriso de orgulho) que uma atenta, responsável e conceituada sociedade de advogados da capital, nos notificou, em representação da ROCK WORLD LISBOA, S.A., entidade organizadora do Rock in Rio Lisboa (sim, esse mesmo), de que teve conhecimento do sucesso do Rock in Fio Febras de 2022, e da organização da edição de 2023, e teme a confusão que a semelhança entre a designação dos dois eventos pode provocar no cidadão incauto. Acusam-nos ainda de ‘concorrência desleal’ (não é piada). Desta forma, foi-nos veementemente sugerido que alterássemos o nome do festival, sob pena de sermos alvo de ação legal”, começa por referir a organização do evento, o qual tem o apoio da Junta e da Câmara.
“Desculpa a todos aqueles que possam ter ficado baralhados”
Usando ironia, o comunicado do evento vimaranense prossegue: “Começamos por pedir desculpa a todos aqueles que possam ter ficado baralhados por esta infeliz situação, apesar da óbvia diferença entre os dois eventos – um tem uma alegria contagiante, uma parte solidária, e as melhores bandas e DJ’s do Mundo; o outro acontece em Lisboa. Se por acaso cobrássemos bilhete, certamente nos disponibilizaríamos para devolver a quantia paga”.
“Em segundo lugar, após consultarmos a nossa vasta equipa de qualificados especialistas, jurídicos e não só, que acompanha a organização deste evento, e imbuídos do nosso espírito característico ‘make peace, not war’, ou em português, “queremos lá saber do nome!”, decidimos aceder ao pedido que nos foi tão vigorosamente feito”, acrescenta.
Assim, “o festival de rock que se realiza nas margens do Rio Febras será, de hoje em diante, denominado ‘Rock no Rio Febras’. Ou talvez ‘Rock near (but not ‘in’) Rio Febras’. Quiçá ‘Rock around Rio Febras’. Ainda há alguma indecisão, mas asseguramos o nosso público de que estamos a trabalhar no assunto com a seriedade que o momento exige”, conclui o comunicado.
Independentemente do nome que irá adotar, “o festival cujo nome não pode ser pronunciado” irá acontecer na mesma no dia 22 de julho nas margens do rio Febras.
Irão atuar Smartini, Crocky Girls, Ledher Blue, Juanito Caminante, Gaspea, Gordilho, Segundo Minuto, Berto, Pedro Conde e Quarta às Nove.
Presidente da Junta surpreso: “Ninguém estava à espera que uma entidade que gere milhões se viesse meter connosco”
Entretanto, O MINHO contactou Diogo Costa, presidente da União das Freguesias de Briteiros S. Salvador e Briteiros St.ª Leocádia, que é parceira da organização, a qual tem como dinamizador principal a Casa do Povo de Briteiros, considerando que a intimação por parte de um dos gigantes dos festivais foi uma “surpresa”.
“Não estávamos à espera. Até porque ali passa mesmo o rio Febras, o festival não se chama assim só por piada, é porque passa mesmo ali o rio Febras”, explica o autarca, contextualizado que se trata de “um pequeno festival para ajudar as bandas da zona a mostrarem o seu trabalho e para angariar alguns fundos para a Casa do Povo”.
Por isso, “ninguém estava à espera que uma entidade que gere milhões se viesse meter connosco”.
Mas, independentemente do nome que vier a ser escolho, o que festival que vai agora para a sua segunda edição, deverá manter a referência ao rio Febras.
“Só tivemos uma edição que correu muito bem e será mantido”, conclui o presidente da Junta.