Foram seis dias intensos e com inúmeras mensagens deixadas pelo Papa, que foram além da religião. Recorde aqui ou fique a par dos momentos mais marcantes da Jornada Mundial da Juventude.
Jornada Mundial da Juventude (JMJ) trouxe a Portugal peregrinos de todos os cantos do mundo e Lisboa viveu, na última semana, dias intensos. Aquele que é o maior evento da Igreja Católica trouxe também ao nosso país o Papa Francisco, que já elogiou a organização do evento. Para o Sumo Pontífice, esta JMJ foi a “mais bem preparada” e com maior número de peregrinos a que assistiu. Recordemos agora os pontos altos de cada dia deste evento, marcado pela mensagem de que a Igreja está aberta a “todos”.
1 de agosto – Um Parque Eduardo VII pintado de todas as cortes e o “sonho” de Marcelo
O primeiro dia da JMJ, a 1 de agosto, ficou marcado pela missa de abertura, presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que antecedeu a chegada do Papa Francisco a Portugal. Neste primeiro dia, peregrinos de quase todos os países do mundo formaram uma mancha humana que se estendia do Parque Eduardo VII até ao Marquês de Pombal. A JMJ estava apenas a arrancar e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já falava num “sonho concretizado” e num “momento único”.
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2 de agosto – A chegada de Francisco a Lisboa e o seu primeiro discurso na visita a Portugal
O segundo dia da JMJ foi um dos dias mais esperados. Francisco aterrou na Base Aérea de Figo Maduro, em Lisboa, onde foi recebido por Marcelo, enquanto milhares de pessoas se espalhavam pelas ruas e aguardavam a sua chegada a Belém. O dia ficou marcado por vários pontos altos, incluindo uma quebra de protocolo por parte de Francisco, que se aproximou de peregrinos na rua, mas um dos pontos altos foi o primeiro discurso do Papa nesta visita a Portugal. No Centro Cultural de Belém, Francisco fez um discurso claramente político, no qual disse que o mundo, a navegar um momento tempestuoso em que faltam “rotas corajosas de paz”, precisa de uma Europa construtora de pontes e que “use o seu engenho para apagar focos de guerra”. Fez ainda uma crítica aberta às leis da eutanásia, em vigor em Portugal, além de falar sobre os problemas do ambiente e os escândalos com os abusos sexuais de menores.
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3 de agosto – O primeiro encontro com os jovens e a Igreja de “todos, todos, todos”
Ao terceiro dia de Jornada, o Papa encontrou-se com os jovens. A cerimónia de Acolhimento, no topo da ‘Colina do Encontro’, no Parque Eduardo VII, contou com fado, cante alentejano e tapetes de flores. Antes, Francisco foi recebido em euforia, naquela que foi a primeira vez que, nesta JMJ, usou o papamóvel (carro descapotável), num percurso que incluiu a Avenida da Liberdade. Discursou, depois, advertindo contra as “ilusões do virtual” e insistindo na mensagem de que a Igreja acolhe todos: “Repitam comigo: todos, todos, todos”, apelou aos peregrinos, que respondiam com entusiasmo e aplausos. Mais à frente voltou a pedir aos jovens que gritassem: “Deus ama-nos”. “Mais forte, que não se ouve”, instou, a terminar o discurso. Estiveram no local cerca de meio milhão de pessoas.
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4 de agosto – Papa confessou peregrinos e voltou ao Parque Eduardo VII para Via-Sacra
Neste dia, Francisco começou com uma visita à ‘Cidade da Alegria’, em Belém, onde foram montados 150 confessionários para os peregrinos. Três deles tiveram a oportunidade de ser confessados pelo Papa. Além disso, visitou o Cento Social Paroquial de São Vicente de Paulo, no bairro da Serafina, em Lisboa, onde disse que a caridade é a origem e a meta do caminho cristão, defendendo a proximidade aos mais frágeis, sem distinção. Já ao final do dia, o Sumo Pontífice regressou ao Parque Eduardo VII e participou na Via-Sacra como peregrino. Guerra, intolerância, depressão, alterações climáticas e dependências foram algumas das “fragilidades da sociedade que afetam os jovens atualmente” abordadas durante a Via-Sacra.
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5 de agosto – A ida breve, mas marcante, a Fátima e o primeiro encontro no Parque Tejo
No sábado, 5 de agosto, o Papa passou algumas horas em Fátima, no santuário que visitou pela primeira vez em 2017. Depois de ser ‘banhado’ por acenos e gritos na avenida principal do Santuário de Fátima, onde parou para abençoar várias crianças, Francisco chegou à Capelinha das Aparições, onde rezou o terço com 112 jovens, entre os quais reclusos e outros portadores de deficiência. Preferiu improvisar e não ler o discurso que tinha preparado, acabando por evocar a imagem do local e da virgem Maria para afirmar que a capela é “uma bela imagem da Igreja, acolhedora, sem portas”. “A Igreja não tem portas para que todos possam entrar. E aqui, também, podemos insistir que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe”, disse Francisco.
Ao fim do dia, cerca de um milhão e meio de pessoas deslocaram-se ao Parque Tejo, em Lisboa, para a vigília com o Papa Francisco, numa imagem inesquecível para muitos. Foi também neste momento que fez um dos seus discursos mais citados: “a alegria é missionária” e a única situação em que é “lícito” olhar de cima para baixo para uma pessoa é para a ajudar a levantar-se.
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6 de agosto – A despedida, o agradecimento ao “povo” português e a mensagem clara sobre os abusos
O último dia JMJ começou bem cedo, com o nascer do sol e a música do DJ Padre Guilherme a acordar as centenas de milhares de peregrinos que dormiram na relva do Parque Tejo. Na missa, Francisco pediu aos muitos jovens que “não tenham medo” do futuro, vincando que estes devem tornar-se “luminosos e brilhantes” pela sua fé. Na bênção final, Francisco deixou também uma palavra aos peregrinos de países em conflito, que não puderam viajar até Lisboa, com uma mensagem direta para a Ucrânia. “Pensando neste continente, sinto grande dor pela querida Ucrânia, que continua a sofrer muito”, afirmou. Elogiou ainda organização portuguesa e a cidade de Lisboa, que ficará “na memória destes jovens como a casa de fraternidade e a cidade de sonhos”, e acabou a anunciar que a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude será em Seul, na Coreia do Sul, em 2027.
Durante a tarde, o Papa Francisco encontrou-se ainda com os voluntários da JMJ, no Passeio Marítimo de Algés, e seguiu depois para Roma, através da Base Aérea de Figo Maduro, onde Marcelo, Costa e Moedas estiveram para se despedir.
No seu regresso, Francisco agradeceu a Marcelo e “ao povo” português e, numa conferência de imprensa a bordo do avião que o transportou de Lisboa, defendeu que os membros da Igreja que ocultaram abusos têm de “assumir” essa “irresponsabilidade”.
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