Prigozhin morre em acidente de avião durante viagem entre Moscovo e São Petersburgo.

O avião privado de Prigozhin caiu durante a tarde. Por essa altura, Putin participava nas comemorações da vitória da batalha de Kursk, em 1943. Líder russo ainda não se pronunciou sobre o acidente.

O Presidente russo, Vladimir Putin, estava a participar no 80.º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi na batalha de Kursk quando começaram a surgir os rumores – depois tornados certezas – que o líder do grupo Wagner morrera na queda de um avião durante uma viagem entre Moscovo e São Petersburgo. Até às 01h00 desta quarta-feira, o Chefe de Estado não fez uma única menção à morte de Yevgeny Prigozhin, que chegou a ser conhecido como o “chef de Putin” e protagonizou há dois meses uma rebelião contra as chefias militares russas.

O líder russo deslocou-se esta quarta-feira até Kursk, uma região não muito longe da fronteira com a Ucrânia, para fazer parte das comemorações da vitória na batalha de 1943, cujo programa incluiu o concerto de uma orquestra. Durante a ocasião, Vladimir Putin entregou condecorações a soldados russos que participaram nos combates em território ucraniano.

“De acordo com a companhia aérea, os seguintes passageiros estavam a bordo do avião Embraer – 135”, disse Rosaviatsiya, citando os nomes de Prigozhin e Utkin.

Um canal na rede social Telegram próximo do grupo, Grey Zone, publicou que Prigozhin e Utkin morreram “como resultado das ações de traidores da Rússia”.  

Imagens partilhadas pela Getty mostram os destroços do aparelho, caiu junto à vila de Kuzhenkino, na região de Tver. Pode ver-se, também, equipas de resgate a transportarem alguns dos corpos recolhidos no local.

O Ministério de Situações de Emergência confirmou que o aparelho Embraer Legacy caiu quando fazia a ligação entre Moscovo e São Petersburgo, e que três das dez pessoas que viajavam a bordo do aparelho eram tripulantes.

Diferentes versões do ocorrido são discutidas nas redes sociais russas. Canais próximos do grupo Wagner afirmam que o avião poderá ter sido abatido pela defesa antiaérea russa, outros por um atentado ou ainda por um ‘drone’ inimigo.

Prigozhin e a rebelião que o colocaram contra Putin

O líder dos mercenários Wagner, de 62 anos, lutou ao lado do exército regular russo na Ucrânia e mantinha operações militares há longo tempo na Síria e em vários países africanos, e protagonizou há dois meses uma rebelião militar fracassada contra as chefias militares de Moscovo, na qual chegou a tomar uma das cidades mais importantes do sul da Rússia, Rostov-no-Don.

Após a mediação do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, Prigozhin concordou em retirar os seus mercenários e transferir a sua base para o território daquela antiga república soviética.

Depois de acusá-lo de traição, o Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu-o no Kremlin, após o que Prigozhin anunciou o reinício das operações do Grupo Wagner em África.

Putin participou hoje na região fronteiriça de Kursk numa cerimónia oficial por ocasião do 80.º aniversário da Batalha de Kursk, uma das mais importantes da Segunda Guerra Mundial entre os exércitos soviético e nazi.

O canal no Telegram Orquestra Wagner, próximo da empresa militar, referiu que o desaparecimento de Prigozhin é “uma grande tragédia para a pátria” e que, “se foi uma facada nas costas (…) a pátria existirá, mas o seu destino, como o de qualquer ‘Judas’, não é invejável”.