O presidente da Área Metropolitana foi enfático ao afirmar: “Ficou absolutamente claro que seria insustentável manter uma linha para Braga no contexto do Porto.”
Conforme noticiado pelo Porto Canal, os utilizadores que costumavam utilizar o autocarro da Transdev para viajar de Braga até ao Porto pela A3 não poderão mais fazê-lo, pois a ligação foi cancelada com o início das operações da nova rede de transporte da Área Metropolitana do Porto, a UNIR.
De acordo com a CIM do Cávado, a existência dessa linha de autocarro remonta a vários anos e resulta de um Acordo de Partilha e Coordenação de Competências assinado em 2019 entre a Área Metropolitana e a própria CIM. Segundo o protocolo, a entidade responsável pela contratação da ligação é aquela cujo território tem maior distância percorrida, mais paragens e maior influência para o mesmo.
No entanto, o acordo consultado pelo Porto Canal não inclui a linha Braga-Porto pela A3 na lista de linhas inter-regionais nos anexos do documento. A listagem abrange apenas ligações como Póvoa de Varzim a Vila do Conde, Esposende a Vila do Conde, Porto a Viana do Castelo, entre outras.
Na noite informativa do Porto Canal, o presidente da Área Metropolitana, Eduardo Vítor Rodrigues, considerou a situação como “lastimável” e confirmou que a “linha Braga-Porto” pela A3 não consta do acordo. Ele afirmou que “para o Porto era insuportável manter uma linha a Braga”, destacando questões de modelo de concurso e financeiras.
Eduardo Vítor Rodrigues classificou como “vergonhoso” o comunicado da Transdev, destacando que não teve contato com Ricardo Rio ou o Presidente do Cávado. Ele afirmou que a Área Metropolitana não falhou e que a CIM do Cávado teve tempo desde 2019 para assumir a responsabilidade pela linha Braga-Porto.
CIM do Cávado considera situação “incompreensível e lamentável”
A CIM do Cávado enviou um e-mail à Área Metropolitana em 23 de novembro solicitando confirmação sobre a ligação Porto-Braga, mas Rodrigues afirmou que já não havia tal ligação desde 3 de dezembro, de acordo com o caderno de encargos. Ele concluiu que a CIM do Cávado poderia ter assumido a linha Braga-Porto como sua responsabilidade se fosse tão importante para Braga.
A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado classificou a situação como “incompreensível e lamentável” em comunicado divulgado no sábado. O presidente da CIM, Ricardo Rio, expressou que a decisão da Área Metropolitana do Porto (AMP) de cancelar a ligação coloca diretamente em causa o direito à mobilidade das populações.
Segundo a nota, a AMP considera que a CIM deve assegurar o serviço, o que é considerado “incompreensível e lamentável” por Ricardo Rio. Ele argumenta que os motivos apresentados pela AMP não têm fundamentos técnicos, uma vez que, com base nos acordos assinados em 2019, a entidade responsável por assegurar o serviço é aquela cuja área abrange o maior número de paragens e quilómetros percorridos.
O serviço em questão é destacado como sendo de grande relevância para as populações, com cerca de 1500 passes e 18.000 bilhetes de bordo vendidos a cada ano. A CIM do Cávado ressalta que o serviço proporciona acesso ao Hospital de S. João, ao Instituto Português de Oncologia e a várias instituições de ensino superior, entre outros locais importantes.