Greve poderá ser prolongada além de 2 de outubro devido à falta de negociações salariais. Trabalhadores exigem escalões salariais e reconhecimento pelo seu esforço.

Os trabalhadores do call center da Concentrix em Braga manifestaram-se novamente esta segunda-feira, junto à Estação de Caminhos de Ferro, exigindo melhores condições salariais. A paralisação, organizada pelo Sindicato de Trabalhadores de Call Center (STCC), contesta a recusa da empresa em negociar atualizações salariais e a implementação de escalões, adequados ao custo de vida atual.

Nuno Geraldes, delegado sindical do STCC, sublinha que a greve é motivada pela intransigência da empresa. “Os trabalhadores continuam inabaláveis, exigindo que a Concentrix comece a negociar os escalões salariais, mas a empresa mantém a posição de não querer negociar e insiste que não haverá qualquer aumento salarial”, afirmou. Segundo Geraldes, há uma atitude “anti-sindical”, com a empresa a “ameaçar” os trabalhadores, insinuando que a continuidade da greve poderá resultar no encerramento da empresa e no despedimento de todos.

A greve, inicialmente agendada até 2 de outubro, poderá ser prolongada caso as reivindicações dos trabalhadores não sejam atendidas. “Este combate, seja através da greve ou de outras formas de luta, não vai parar”, garante Nuno Geraldes. O sindicalista denuncia ainda que trabalhadores com mais de uma década na empresa recebem o mesmo que novos funcionários, o que, na sua opinião, não é justo. “Fomos nós que construímos esta empresa”, reforçou.

Hector Marin, trabalhador da Concentrix há oito anos e meio, partilha as dificuldades enfrentadas pela falta de atualizações salariais. Originário da Venezuela, Marin relata ter sido forçado a arranjar um segundo emprego para enfrentar as despesas crescentes. “Trabalhava como motorista de TVDE, mas era triste não ter tempo para estar com os meus filhos”, conta. Apesar de ter conseguido comprar um apartamento e um carro, confessa que o aumento do custo de vida torna cada vez mais difícil viver com um único salário.

A luta dos trabalhadores da Concentrix em Braga espelha um apelo coletivo por reconhecimento e melhores condições laborais, que, caso não seja atendido, poderá prolongar-se e intensificar-se nos próximos meses.