Estudo Revela Redução Progressiva dos Diferenciais Salariais em Portugal

Os prémios salariais médios para trabalhadores com ensino secundário e superior têm vindo a diminuir progressivamente desde os seus picos em 2006 e 1996, respetivamente. Esta é a conclusão de uma análise do PlanAPP, que examina a evolução dos salários por nível de ensino em Portugal.

A análise destaca que, embora exista uma associação positiva entre o nível de escolaridade e os salários, os prémios salariais médios associados ao ensino secundário e à licenciatura têm diminuído nas últimas duas décadas. Em contraste, os prémios salariais para o ensino pós-secundário não superior (cursos profissionalizantes) e para o mestrado têm aumentado.

No início da década de 90, um trabalhador com ensino secundário ganhava, em média, 17% mais do que um trabalhador com apenas o 9.º ano de escolaridade. Este diferencial atingiu o seu pico em 2006, chegando a 27%, mas caiu para cerca de 15% em 2021. Para os trabalhadores com ensino superior, o prémio salarial atingiu o seu máximo em 1996, com 54%, e tem vindo a diminuir desde então, situando-se em 42% em 2021.

Entre 2010 e 2021, a queda do prémio salarial do ensino superior foi impulsionada pela licenciatura, enquanto os prémios de mestrado e doutoramento aumentaram. Em 2010, a licenciatura oferecia um prémio salarial de 47% face ao ensino secundário, mas este valor caiu para 40% em 2021.

A análise também revela que a diminuição dos prémios salariais é mais acentuada nos salários de entrada no mercado de trabalho. Além disso, áreas como as tecnologias da informação e comunicação (TIC), ciências exatas e da saúde, e engenharia continuam a oferecer prémios salariais mais elevados, especialmente ao nível do mestrado.

A composição do mercado de trabalho em Portugal mudou significativamente nas últimas décadas, com um aumento no nível de escolaridade dos trabalhadores. Entre 1991 e 2021, a proporção de trabalhadores com ensino básico reduziu-se de 85% para 45%, enquanto a proporção de trabalhadores com ensino superior aumentou para 25%. Entre 2010 e 2021, a proporção de trabalhadores com mestrado cresceu de 5,7% para 22,1%.