Ex-líder da Bosch em Braga despedido por irregularidades em fundos europeus

Gestores afastados avançam com ações em tribunal e exigem indemnização

Carlos Ribas, antigo responsável da Bosch em Portugal e gestor técnico da fábrica de Braga, foi despedido juntamente com outros quatro gestores de topo, no último dia de julho de 2024, devido a alegadas falhas graves na gestão de candidaturas a fundos europeus.

Segundo o Jornal de Negócios, os gestores foram afastados com justa causa, sem direito a indemnização nem subsídio de desemprego. O caso está relacionado com o projeto de inovação THEIA (Automated Perception Driving), desenvolvido em parceria com a Universidade do Porto, que visava aprimorar as capacidades sensoriais de veículos autónomos.

O projeto, iniciado em julho de 2020, beneficiou de apoios públicos de cerca de 17 milhões de euros, num investimento total de 28 milhões. No entanto, investigações internas da Bosch revelaram que 55 trabalhadores contratados para o THEIA, cujos salários eram parcialmente financiados com fundos públicos, teriam estado a desempenhar funções em outros projetos.

Carlos Ribas teria reportado a situação ao departamento de compliance da Bosch, que deu parecer positivo para avançar com o pedido de pagamento final. No entanto, a auditoria interna da multinacional alemã resultou no afastamento dos cinco gestores.

Quatro dos ex-responsáveis interpuseram ações em tribunal para impugnar os despedimentos e exigem indemnizações. A Bosch, por sua vez, reafirma o seu compromisso com uma conduta empresarial ética e a conformidade com as normas internas.

O processo teve um desfecho abrupto em julho de 2024, quando o administrador alemão Sven Ost deslocou-se à fábrica de Braga e retirou de imediato os gestores das instalações, ficando estes sem acesso a viaturas e equipamentos da empresa. A partir de agosto, Carlos Jardim assumiu as funções de Ribas na fábrica de Braga, enquanto Javier Gonzalez Pareja, presidente da Bosch Ibéria, tomou posse como representante da empresa em Portugal.