Católicos, crentes de outras religiões e não crentes aplaudem e filmam último passeio do “homem de todos”
Milhares de pessoas se reuniram nas ruas de Roma, ontem e hoje, para assistir ao último cortejo fúnebre do Papa Francisco, que morreu recentemente. Católicos, crentes de outras religiões e não crentes, todos se uniram em um momento de respeito e emoção para prestar homenagem a um líder que, segundo muitos, foi “um homem de todos”.
Após a missa exequial, o corpo do Papa Francisco foi transportado para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será sepultado numa cerimónia privada. O percurso, que levou o cortejo fúnebre de São Pedro à Basílica, foi acompanhado por uma multidão que aplaudiu e filmou a passagem do papamóvel, com os participantes erguendo telemóveis e cravos vermelhos, como símbolo da Revolução dos Cravos e da sua figura de líder humanitário.
Entre os presentes, Delgindear Singh, um sikh que se destacava pela sua indumentária tradicional, com lenço azul e barbas longas, estava na ponte próxima à Santa Sé. Para ele, Francisco foi um líder não só para os católicos, mas para toda a humanidade. “O seu discurso de tolerância tem muito a ver com a nossa religião, porque somos todos a mesma família humana”, disse Singh, acompanhado pela esposa.
Ao longo do percurso, muitos peregrinos portugueses também se concentraram nas ruas, como foi o caso de Sofia Pedroso, de 32 anos, que estava com um grupo de 130 peregrinos da Ericeira. Para Sofia, a presença de Francisco representou “esperança, amor ao próximo e um reflexo de luz para o mundo”, especialmente para os jovens do seu grupo que não conseguiram vê-lo pessoalmente em São Pedro.
A cidade estava repleta de forças de segurança, com a polícia e a proteção civil a controlarem o percurso e as multidões, enquanto vendedores improvisados tentavam lucrar com o momento, oferecendo camisetas com imagens do Papa Francisco.
Gonzalo Velez, um argentino ateu residente em Roma, também estava presente. Para ele, o Papa foi uma figura que “falou as coisas que todos defendemos, sem complexos e sem palavras suaves”. Velez destacou a simplicidade de Francisco, que desafiou as convenções e trouxe um exemplo de humildade para o Vaticano, contrastando com a pompa e o luxo que antes caracterizavam a Igreja. “Ele saía no seu ‘cinquecento’, ia ao café, ficava na fila. Isso mudou a Igreja”, afirmou.
Para muitos, o Papa Francisco foi mais do que apenas o líder da Igreja Católica. Ele representou um símbolo de humanidade, tolerância e simplicidade, e sua morte deixou um vazio profundo não só entre católicos, mas também entre aqueles que viam nele um defensor dos mais necessitados e um pregador de um amor universal.
Enquanto a multidão se dispersava, Delgindear Singh refletia sobre a importância do amor no mundo: “O amor é o que nos salva a todos. E é por isso que viemos aqui: manifestar o nosso amor e a nossa gratidão”, concluiu.Anexar




