Dragões vencem dérbi no Bessa, consolidam lugar no pódio da I Liga e deixam panteras em situação crítica, dependentes de terceiros para evitar a despromoção

O FC Porto deu um passo praticamente decisivo na luta pelo terceiro lugar da I Liga ao vencer o Boavista por 2-1, no Estádio do Bessa, em jogo da 33.ª jornada. Os dragões somam agora 69 pontos, mais três do que o SC Braga, e beneficiam de uma vantagem confortável na diferença de golos, o que lhes permite encarar a última ronda com margem de segurança para ‘fechar’ o pódio da temporada 2024/25.

Em contraste, o cenário é sombrio para os axadrezados. A derrota em casa empurrou o Boavista para o 18.º e último lugar da tabela, com 24 pontos, ficando agora em posição extremamente delicada na luta pela permanência. Com apenas uma jornada por disputar, os homens do Bessa não dependem de si próprios e terão de esperar por deslizes dos rivais diretos AVS e Farense para ainda sonharem com a salvação.

Num jogo marcado também pelas provocações dos adeptos portistas nas bancadas — que lançaram boias para o relvado e exibiram tarjas dirigidas ao rival — a tensão dentro e fora de campo refletiu o peso dos objetivos em causa. Para o FC Porto, foi uma vitória com sabor a consolidação. Para o Boavista, mais um passo rumo a um possível regresso à II Liga.

Stuart Baxter, treinador do Boavista, em declarações na sala de imprensa do Estádio do Bessa, após a derrota com o FC Porto, por 2-1, na penúltima jornada da Liga:



«[Como se sente pela exibição e como vê a semana decisiva que aí vem?] Os jogadores, nos primeiros 20 minutos, não estiveram positivos como no resto do jogo. O FC Porto marcou dois golos muito bons, mostraram a qualidade deles e gradualmente conseguimos reentrar no jogo. Durante uma hora, fomos muito competitivos e, com um pouco de sorte, poderíamos tirar algo do jogo. Tentámos tudo o que pudemos para empatar, até arriscámos sofrer o terceiro golo. Por esse lado, estou satisfeito com a exibição.
Não vi nenhum dos outros jogos hoje. Recebi os resultados, mas não vi os jogos, porque não queria que isso me afetasse na preparação para este jogo. A nossa performance tem de ser a nossa prioridade. Neste último jogo temos de nos focar completamente na nossa exibição. Jogar o jogo e não a ocasião. Isto é desporto a alto nível e, se conseguirmos aguentar… é parte do nosso trabalho. Vou encorajar os jogadores no treino e eles irão para jogo preparados. Vou certificar-me que vamos preparados para deixar o sangue em campo.»

«[Como recuperar uma equipa sabendo que vão para o último jogo não dependendo apenas de si?] Espero que as experiências dos jogadores nos últimos meses não sejam tão prejudiciais para não recuperarem. Eles mostraram noutros jogos que é possível estar debaixo desta pressão e conseguir uma exibição. Talvez só com o Sporting senti que não tínhamos chance. Nos outros jogos, incluindo este, acho que fomos competitivos, espero que o dano que existiu antes, tático, físico, o que seja, que não seja algo de que não podemos recuperar. Eles sabem que é um jogo importante, mas podemos ignorar o medo e temos de concentrar-nos na exibição.»
«[Bozeník foi apanhado muitas vezes em fora de jogo] Quando jogam com uma linha tão alta, tens de os testar. Ao intervalo falámos sobre isso e na segunda parte estivemos muito bem. Estivemos fora de jogo muitas vezes. Isso vem de alguma ansiedade, vês a oportunidade e queres ir diretamente para a baliza. Jogámos melhor quando fomos pacientes e atraímos a linha deles. Eles são uma boa equipa e pressionam bem, mas, nas vezes em que acertámos, fomos perigosos.»

Martín Anselmi, treinador do FC Porto, em declarações na sala de imprensa do Estádio do Bessa, após a vitória por 2-1 sobre o Boavista, na penúltima jornada da Liga:

«[Como analisa a vitória?] No início, desfrutei de como estava a jogar a equipa. Fizemos a meia-hora mais completa desde que estamos aqui, a equipa fluía como gostamos, tinha profundidade, paciência e um ritmo de que gosto. O adversário não tinha remates à baliza. Depois, há uma jogada infeliz com um penálti que entendo, mas lamento. Eles metem-se no jogo, estás a jogar com um adversário que tem de lutar até ao final, que tem de dar tudo por tudo, podíamos ter matado o jogo numas quantas transições e, com a expulsão do Nehuén Pérez, a competitividade e luta esteve lá quando tinha de estar. Às vezes temos de sofrer e a equipa esteve presente em todo o jogo.»

«[Com a derrota do Sp. Braga, foi um fim de semana perfeito?] Foi um fim de emana espetacular para mim porque ganhamos. E por como jogou a equipa, porque jogou bem. Para mim, não é igual ganhar e não fazer um bom jogo. Merecemos a vitória, controlámos com bola. Pressionámos quando tínhamos de pressionar, sempre juntos. Por isso foi um fim de semana espetacular. Tínhamos de ganhar este jogo e temos de ganhar o que vem. Quanto mais jogos ganhas, mais alto na tabela vais estar. Queremos fechar esta temporada difícil em casa com a nossa gente. Hoje estiveram espetaculares, o clima que se viveu… desfrutei das pessoas a apoiar-nos todo o jogo.»

«[FC Porto esteve bem defensivamente e não permitiu muito ao Boavista] Gostamos de estar juntos e, para isso, temos de estar próximos. Juntos, atacamos bem e defendemos ainda melhor, porque vamos estar perto na recuperação da bola. O que se viu hoje é produto de muito trabalho e de ser valente da parte deles, que tentam sempre melhorar, dispostos a ver as imagens e repetir. A equipa está a evoluir na forma como gostamos de jogar. É um prémio ao trabalho. É algo que, como equipa técnica, gostamos. Estar curtos, juntos. Não é fácil mudar algo que não vens fazendo e que requer muito trabalho, que requer conexão entre os jogadores e tens de insistir quando em algum jogo não saiu bem e custou um golo. Fazemos a análise de todos os detalhes, que às vezes são invisíveis.»

«[Terceiro lugar é amargo?] Se o FC Porto não termina em primeiro… este clube trabalha para isso. É uma pergunta que se responde por si.»

Adeptos do FC Porto provocam Boavista com tarjas e boias no dérbi

Durante a vitória do FC Porto por 2-1 frente ao Boavista, no Estádio do Bessa, os adeptos portistas protagonizaram várias provocações direcionadas aos axadrezados, que estão em risco de despromoção.

Antes do apito inicial e ao longo do jogo, os portistas entoaram cânticos como “o Boavista vai acabar” e lançaram boias para o relvado, numa clara alusão à luta do rival pela manutenção. Uma dessas boias chegou mesmo à baliza, sendo retirada pelo guarda-redes Diogo Costa.

Nos minutos finais, surgiu uma tarja com ironia: “Amanhã é segunda, para a semana também?”, numa crítica à situação difícil do Boavista, atualmente no último lugar da I Liga com 24 pontos, a três da salvação.