Associações empresariais estimam impacto económico “sem precedentes” após falha massiva de sistemas informáticos em Portugal
O setor empresarial português enfrenta prejuízos estimados em mais de 2.000 milhões de euros devido ao apagão tecnológico que paralisou, nos últimos dias, grande parte das operações de empresas em todo o país. A falha generalizada de sistemas informáticos — originada por um incidente ainda em investigação — provocou interrupções em cadeias de produção, comércio eletrónico, serviços financeiros e logística, afetando diretamente a economia nacional.
Segundo fontes ligadas a associações empresariais e câmaras de comércio, o impacto é descrito como “sem precedentes”, com milhares de empresas de diferentes setores a registarem perdas avultadas por impossibilidade de faturar, comunicar com clientes ou garantir o funcionamento normal de sistemas críticos.
“Trata-se de um colapso informático com efeitos transversais, que apanhou empresas desprevenidas, mesmo aquelas com planos de contingência relativamente robustos”, referiu um responsável da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), sublinhando a necessidade urgente de reforçar a ciber-resiliência das infraestruturas tecnológicas nacionais.
Os setores mais afetados incluem a indústria transformadora, distribuição alimentar, transportes e logística, retalho digital e serviços financeiros, onde a dependência de sistemas automatizados é praticamente total. A indisponibilidade de servidores, plataformas de pagamento e comunicações empresariais paralisou negócios e provocou danos reputacionais junto de parceiros e consumidores.
Além das perdas diretas, muitas empresas alertam para prejuízos futuros, com contratos comprometidos, penalizações por incumprimento e a necessidade de investimentos urgentes em segurança e atualização tecnológica.
“Estes 2.000 milhões de euros podem vir a ser apenas o início. O verdadeiro impacto só será contabilizado nas próximas semanas”, alerta um analista do setor das tecnologias de informação.
O apagão reabre também o debate sobre a dependência tecnológica e a fragilidade das infraestruturas digitais críticas, num contexto em que os ataques cibernéticos e falhas técnicas assumem um peso crescente nos riscos operacionais das empresas. Várias entidades exigem, entretanto, ao Governo a criação de linhas de apoio extraordinárias e o reforço das medidas de proteção digital a nível nacional.
As causas exatas da falha estão a ser analisadas pelas autoridades competentes, incluindo o Centro Nacional de Cibersegurança, que não descarta intervenção externa maliciosa ou uma falha sistémica de grande escala. Enquanto isso, o setor privado mobiliza-se para recuperar dados, restaurar sistemas e avaliar prejuízos, numa corrida contra o tempo para evitar um colapso mais prolongado.