João Batista acusa adversários de ignorar responsabilidades passadas e apresenta a CDU como alternativa coerente para Braga.

O candidato da CDU à Câmara Municipal de Braga, João Batista, criticou esta segunda-feira aquilo que classificou como um “clima de demagogia” na campanha para as eleições autárquicas de 12 de outubro, acusando as restantes forças políticas de apresentarem propostas sem coerência nem memória política.

“Na opinião da CDU, não pode valer tudo numa campanha eleitoral. Esta deve ser uma fase de prestação de contas do trabalho realizado e de afirmação de soluções para os problemas existentes. Não é aceitável que se tente colocar o conta-quilómetros a zero”, afirmou o candidato, em conferência de imprensa no Centro Coordenador de Transportes de Braga.

O local escolhido serviu de palco para uma crítica concreta à atual gestão autárquica: a retirada de uma paragem de autocarros que, segundo João Batista, terá beneficiado um grupo hoteleiro em detrimento do interesse público.

Na sua intervenção, o candidato comunista apontou o dedo diretamente a várias forças políticas — PSD/CDS, PS, IL, Chega e ao independente Ricardo Silva —, acusando-as de incoerência e oportunismo político. Entre os exemplos citados está a proposta da coligação PSD/CDS de gratuitidade dos transportes públicos, que, segundo a CDU, entra em contradição com o passado da coligação no executivo municipal.

“Qual o posicionamento do PSD quando a CDU defendeu o fim da coroa 2 dos TUB? E o que tem João Rodrigues a dizer sobre a rejeição, pelo PSD na Assembleia da República, da inclusão da Variante do Cávado no Orçamento do Estado?”, questionou.

O PS também não escapou às críticas, com João Batista a recordar o papel de António Braga na era de Mesquita Machado, nomeadamente na privatização da AGERE e em parcerias público-privadas ruinosas, como as concessões do parqueamento à ESSE ou a criação da SGEB.

“Agora, o PS defende a remunicipalização da AGERE como se nada tivesse acontecido. Só pode ser culpa mal resolvida ou oportunismo puro”, afirmou.

Também Rui Rocha, cabeça de lista da Iniciativa Liberal, foi visado. João Batista classificou o slogan “Braga, capital do Norte” como “puro marketing sem substância”, acusando a IL de ser contrária à regionalização e de nada ter feito de concreto por Braga no Parlamento.

Quanto ao candidato independente Ricardo Silva, atual presidente da Junta de Freguesia de São Victor, o candidato da CDU criticou a “postura ambígua e pouco interventiva” na Assembleia Municipal, apontando o caso do espaço Supera como exemplo de incoerência.

A CDU reservou também críticas ao Chega, representado por Filipe Aguiar, acusando o partido de inatividade ao longo do mandato, com “faltas de comparência sistemáticas” e sem propostas relevantes.

João Batista concluiu defendendo a CDU como uma força política com “património de intervenção” e “coerência de mandato para mandato”, assegurando que a candidatura comunista se mantém fiel aos seus princípios e ao serviço das populações.

“O facto de algumas forças virem agora defender propostas semelhantes às que antes recusaram não pode iludir os bracarenses. Faltam três meses para as eleições. É tempo de deixar claro com quem podem contar.”