Candidato presidencial reage a críticas de Cavaco Silva e defende independência face aos partidos

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo afirmou esta sexta-feira, em Guimarães, que a Constituição não reservou a Presidência da República para os partidos políticos.

Em declarações aos jornalistas, durante uma visita ao supercomputador Deucalion, o ex-almirante reforçou que a política não deve ser vista como “uma casta ou um campo reservado” para quem seguiu carreira desde as juventudes partidárias.

«Estamos numa democracia e não há nenhuma casta política que tome conta dela, porque senão não era democracia. A Constituição não reservou a Presidência da República para os partidos», sublinhou.

Reação a Cavaco Silva
As declarações surgiram em resposta ao artigo de opinião publicado por Cavaco Silva no Expresso, no qual o antigo Presidente da República defendeu que o cargo exige “uma boa dose” de experiência política, além de atributos como isenção, sobriedade e respeito pela Constituição.

«Revejo-me em algumas das qualidades que ele defende, como independência, coragem e determinação. Mas discordo totalmente de considerar a política como um campo reservado a quem fez o percurso desde as juventudes partidárias», afirmou Gouveia e Melo.

O candidato acrescentou que não está na corrida para discutir perfis, mas sim para enfrentar os problemas concretos dos portugueses, como habitação, saúde, educação, impostos e incêndios.

Partidos têm de mudar
Com ironia, Gouveia e Melo disse ainda esperar que o artigo fosse um apoio explícito a Luís Marques Mendes: «Tenho pena, mas não vi o nome do candidato. Se era um apelo de congregação em torno do PSD, devia ter sido claro e não indireto.»

Para o ex-chefe da Armada, os partidos “são fundamentais para a democracia, mas têm de mudar a sua forma de estar”.

«O percurso recente dos partidos tem afastado as pessoas da política. Isso é mau para a democracia. Se os partidos não perceberem que têm de mudar, serão mudados de uma forma que não é a melhor para o regime democrático», concluiu.