Autarca de Braga acusa candidatos de tentarem “capitalizar descontentamento” em plena campanha e desafia socialistas a reafirmarem apoio ao metrobus
O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, mostrou-se hoje “perplexo” com as críticas ao projeto do BRT (Bus Rapid Transit, conhecido como metrobus) feitas pela maioria dos candidatos à sua sucessão. O autarca, que está de saída após 12 anos de liderança, considera que essas posições contrariam o “consenso alargadíssimo” que, até há pouco tempo, o projeto reunia entre forças políticas e sociedade civil.
À margem da assinatura do contrato para a conceção e construção da primeira linha do BRT, Rio recordou que o plano contou com uma rara convergência entre autarquia e governo. “É um projeto que suscitou um consenso nem sempre fácil e muito pouco comum, até entre uma câmara liderada pelo PSD e um governo liderado pelo PS, para garantir o financiamento”, destacou.
Segundo o presidente da Câmara, o BRT foi ao longo dos últimos anos mobilizando “representantes políticos de várias forças partidárias e da sociedade civil” para avançar com rapidez. Por isso, estranha que agora, “na espuma de uma campanha eleitoral, se contradiga tudo o que foi dito até aqui apenas para capitalizar descontentamento”.
“Réplicas do que acontece no Porto”
Para Ricardo Rio, muitas das críticas recentes ao projeto não passam de “um mero exercício de réplica” em relação ao que se passa no Porto, onde também existem providências cautelares contra o metrobus. “Se no Porto estão contra o metrobus, em Braga também se tem de estar contra o metrobus. Se no Porto há providências cautelares, em Braga também têm de existir. Ora, isso não é seguir bons exemplos, é apenas replicar maus exemplos”, criticou.
O autarca sublinhou que este “não é um projeto decidido à boca das urnas”, mas sim uma iniciativa trabalhada ao longo de meses. “Lamento que em plena campanha se desdiga aquilo que antes se defendeu. Quem quiser uma opinião isenta deve perguntar ao antigo primeiro-ministro António Costa, ao ex-ministro Pedro Nuno Santos e a outros responsáveis socialistas como Duarte Cordeiro, João Pedro Matos Fernandes, Jorge Delgado ou José Mendes”, desafiou.
Críticas e providência cautelar
Na quinta-feira, a coligação PS/PAN anunciou a intenção de avançar com uma providência cautelar para travar a implementação do BRT em Braga. Entre os dez candidatos à autarquia, apenas João Rodrigues, da coligação Juntos por Braga (PSD/CDS-PP/PPM), defende incondicionalmente o projeto. A larga maioria tem-se manifestado contra a solução.
Primeira linha até 2026
O contrato agora assinado prevê a execução da primeira linha do BRT, entre a estação de caminhos de ferro e o Hospital de Braga, com passagem pela Universidade do Minho. O traçado, com 12 estações, assegurará conectividade total com a rede dos Transportes Urbanos de Braga e integração bilhética.
O investimento ascende a 75,5 milhões de euros, integralmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com prazo de execução até 30 de junho de 2026. A viagem terá uma duração de 17 minutos e implicará, entre outras obras, a demolição do viaduto da rotunda Santos da Cunha.
O plano prevê ainda mais três linhas de metrobus, mas sem calendário definido.