Presidente alerta para instrumentalização da imigração em sociedades envelhecidas, defende respeito e partilha, e revela que não escreverá memórias após Belém, preferindo dar aulas.
Numa aula aberta na Escola Básica de Vila Verde, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, em países envelhecidos como Portugal, é “fácil criar um sentimento de insegurança ou de medo” em torno da imigração, sobretudo a mais vulnerável, sublinhando que não existe “varinha de condão” para resolver o tema de forma imediata. Em resposta a perguntas dos alunos, o Presidente reconheceu a ansiedade de uma sociedade que “está a perder população originária”, mas advertiu contra narrativas que amplificam receios e alimentam divisões.
Marcelo destacou que vários setores do país dependem criticamente do trabalho de imigrantes, como obras públicas, infraestruturas, recolha de resíduos, saneamento, água, escolas, saúde e o setor social, alertando que a sua ausência teria impacto direto no funcionamento dos serviços. Sobre a chamada “imigração rica”, admitiu efeitos positivos ao trazer e gastar dinheiro em Portugal, mas também custos, nomeadamente pressões inflacionistas e sobre o custo de vida, pedindo equilíbrio nas políticas.
O chefe de Estado insistiu que o essencial é “respeitar os outros nas suas diferenças e evitar os ódios”, defendendo uma ética de partilha, em especial com “os que estão em piores circunstâncias”, com menos recursos e piores condições. “Ninguém vive sozinho”, frisou, lembrando que a felicidade e a coesão social dependem de viver “com os outros e em conjunto”.
Questionado sobre o futuro, Marcelo assegurou que não escreverá memórias, por considerar que “são sempre autojustificações”, e prometeu, nos quatro meses finais de mandato, “ajudar o Governo a governar” e “a oposição a ser oposição”, reiterando a ideia de que “todos têm de falar com todos”. Recebido em clima de euforia pela comunidade escolar, passou mais de uma hora em fotografias e autógrafos, adiantando que, ao sair de Belém, quer dedicar-se a dar aulas no Básico e no Secundário.
































