Polícia Federal prendeu o ex-presidente ao amanhecer, alegando risco de fuga e necessidade de garantir a ordem social. Bolsonaro, condenado por tentar um golpe de Estado, foi transferido para uma sala adaptada na sede da corporação.
Jair Bolsonaro foi detido preventivamente este sábado pela Polícia Federal brasileira, depois de, segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, ter tentado remover a pulseira eletrónica que usava por volta da meia-noite. A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi apresentada como uma medida cautelar para evitar uma possível fuga e assegurar a ordem pública.
A ação decorreu ao amanhecer na residência do ex-presidente, em Brasília, onde cumpria prisão domiciliária. Os agentes da Polícia Federal entraram às seis da manhã e levaram-no para a sede da corporação apenas meia hora depois, numa operação rápida e inesperada para o próprio Bolsonaro, que foi surpreendido durante o descanso. Por se tratar de um antigo chefe de Estado, foi colocado numa sala de Estado-Maior transformada em cela, preparada há meses para uma eventual detenção.
A decisão surgiu também na sequência de uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, para junto do condomínio onde este se encontrava em prisão domiciliária. O STF considerou que tal poderia gerar grandes aglomerações e riscos para agentes, moradores e manifestantes, justificando a transferência imediata.
Bolsonaro está condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado. O prazo para apresentação de recursos termina este domingo, mas todos os juízes já se pronunciaram contra esses pedidos, tornando iminente o início do cumprimento da pena.
A defesa do ex-presidente argumenta que o seu estado de saúde — aos 70 anos e após múltiplas cirurgias — deveria permitir-lhe cumprir a pena na mansão onde reside. Contudo, Alexandre de Moraes não atendeu aos requerimentos, insistindo que, dada a gravidade dos crimes, a pena deve ser cumprida numa penitenciária de alta segurança. Esta posição tem sido interpretada pelos apoiantes de Bolsonaro como uma retaliação pessoal, lembrando que o juiz estava entre os alvos de um plano de assassínio frustrado em 2022, ligado a militares de extrema-direita e que levou à condenação de mais de duas dezenas de envolvidos.


































