A organização do concurso anunciou esta semana que vai deixar de julgar as concorrentes com base na sua aparência externa.

Já não interessa o tamanho das ancas nem a simetria da cara. “Vamos deixar de julgar as nossas candidatas com base na sua aparência física externa”, anunciou Gretchen Carlson, presidente da direcção da Miss America, no programa Good Morning America desta terça-feira. A partir da edição deste ano, que acontece em Setembro, em Atlanta, o concurso vai eliminar a fase dos biquínis, na qual as concorrentes costumam desfilar em roupa de praia.

Qual será, então, o critério de selecção? Aquilo que vai interessar ao júri, daqui para a frente, é “o que sai das bocas” das concorrentes e, muito concretamente, quais as suas “iniciativas de impacto social”. “Estamos interessados naquilo que vos faz ser únicas”, resume Carlson.

Em vez do segmento dos biquínis, cada concorrente participará numa sessão com os jurados “onde irá destacar os seus feitos principais e objectivos de vida e [explicar] como irá usar os seus talentos, paixão e ambição para cumprir o trabalho de Miss America”, explica um comunicado da organização, citado pela CNN. Também o segmento de vestido de noite será diferente e as concorrentes poderão usar aquilo que entenderem.

A surpreendente decisão da Miss America foi tomada por uma direcção que é actualmente composta maioritariamente por mulheres – e tem como CEO, desde o mês passado, Regina Hopper. “Isto é um novo começo e a mudança às vezes pode ser difícil. Estamos a evoluir nesta revolução cultural”, explica Carlson, em referência ao movimento #MeToo. A actual presidente da direcção –  coroada Miss America em 1989 – foi uma das mulheres a apresentar queixa de assédio sexual contra o antigo presidente e fundador da Fox News, Roger Ailes, levando à sua eventual demissão, poucos meses antes de este morrer.

Tall como Hopper, também Gretchen Carlson entrou recentemente (em Dezembro de 2017) na organização da Miss America, depois da demissão de uma série de líderes da organização, no seguimento de emails tornados públicos em que estes – inclusive o CEO Sam Haskell – insultavam antigas concorrentes.