A greve dos tripulantes de cabine da Ryanair fez com que apenas dois dos 22 voos da Ryanair partissem do Aeroporto do Porto, na manhã desta quarta-feira. Em Lisboa, foram cancelados seis voos e, em Faro, cinco.

Os tripulantes de cabine da transportadora aérea Ryanair cumprem esta quarta e quinta-feira uma greve europeia para exigirem a aplicação da lei nacional.

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6:07 PM – Jul 24, 2018
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Por volta das 9.30 horas, só dois dos 22 voos previstos para esta quarta-feira no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, fizeram o seu percurso. Em Faro, foram cancelados cinco, de oito voos previstos e, em Lisboa, seis viagens de 10 previstas foram também canceladas. A informação foi dada ao JN por Tiago Mota, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que disse esperar que, até ao final do dia, o total de viagens realizadas no Porto suba para quatro.

“Neste momento temos cerca de 50% de voos cancelados nas três bases de Portugal continental [Faro, Lisboa e Porto] e neste momento em Ponta Delgada [Açores] temos a informação de que um voo irá realizar-se”, disse à agência Lusa o sindicalista Bruno Fialho, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).

O sindicalista adiantou também à Lusa que na terça-feira, vários tripulantes de cabine portugueses receberam uma carta da empresa com ameaças.

“Ontem [terça-feira] houve a pior das situações ilegais: Foi uma coação sobre os trabalhadores. Foi enviada uma carta ameaçando os mesmos de que se não fossem voar em dias de folga e que batiam nos dias da greve iriam ser despedidos. Isto em Portugal é crime e não sei o que o Governo português pretende fazer sobre todas as provas que já foram apresentadas da conduta que a Ryanair tem com os trabalhadores portugueses”, adiantou.

O sindicalista destacou que a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem feito um bom trabalho com os meios que tem.

Por isso, “apelamos ao Governo que é quem tem todos os meios possíveis para solucionar e para terminar com estas situações de abuso, como nestes casos. Há uma ameaça de despedimento caso os trabalhadores façam greve e obriga os tripulantes a trabalhar em dias de folga”, disse.

A Ryanair tem estado envolvida, em Portugal, numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no início de abril.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases.

A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.

Por essa razão, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem, “desde a semana passada, vindo a acompanhar esta situação e a desenvolver todos os passos necessários para identificar situações que possam, eventualmente, ferir a legalidade do nosso quadro constitucional do direito à greve”, acrescentou.

No domingo, a ACT anunciou ter desencadeado uma inspeção na Ryanair em Portugal para avaliar as irregularidades apontadas pelo SNPVAC.

A decisão de partir para a greve foi tomada a 05 de julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.

Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.