Helena Almeida, uma das mais reconhecidas artistas plásticas portuguesas morreu, esta quarta-feira, aos 84 anos,
Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, sobretudo na área da fotografia, tornando-se uma figura destacada no panorama artístico português contemporâneo. Era uma das mais internacionais artistas portuguesas, com obra exposta em Barcelona, Madrid, Luxemburgo ou Londres.
A exposição “O Outro Casal. Helena Almeida e Artur Rosa”, sobre a obra de Helena Almeida, centrada nos registos em que aparece com o marido, também artista, Artur Rosa, esteve patente desde junho ao passado dia 09, na Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, em Lisboa.
Em Madrid foi inaugurada a mostra “Dentro de mim”, de Helena Almeida, no passado dia 20, na galeria madrilena Helga de Alvear.
Em 2015, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves dedicou-lhe uma restrospetiva.
As fotografias de Helena Almeida, com formação em pintura, foram sempre registadas pelo marido, o arquiteto e escultor Artur Rosa, também nascido em Lisboa, em 1926.
Sobre o facto de Artur Rosa ter fotografado praticamente todos os seus trabalhos, Helena Almeida explicou, um dia, numa entrevista à curadora Isabel Carlos: “É sempre ele. Porque é importante que as fotografias aconteçam no lugar físico em que eu as pensei e projetei”.
“E como tal, tem que ser alguém próximo de mim. Mas antes faço sempre desenhos das situações que quero fotografar. Aliás, a partir da década de 80 passo a usar o vídeo para experimentar, porque um gesto pode ser muito enganador: uma mão mais para o lado é já outra coisa. Então, ensaio primeiro com a câmara […]. Eu quero a fotografia tosca, expressiva, como registo de uma vivência, de uma ação”, acrescenta.
O lugar físico de que fala, o ateliê, é o espaço onde cresceu, e já era o ateliê do pai, o escultor Leopoldo de Almeida, autor, entre outras obras, do conjunto escultórico do Padrão dos Descobrimentos, e uma das figuras mais proeminentes da estatuária das décadas de 1940 e 1950 em Portugal.
Helena Almeida, “mais do que criar obras especificamente para um lugar ou um sítio, parece antes afirmar que o lugar é o atelier e o atelier é o seu mundo. Daí que as fotografias tenham que ser tiradas no sítio onde o trabalho se desenvolveu e registadas por alguém do seu círculo, por alguém da sua intimidade”, segundo o museu Vieira da Silva, a propósito da exposição no Museu Vieira da Silva.
O processo quase sempre se inicia pelo desenho: Helena Almeida desenhava primeiro as posições, os movimentos em que o seu corpo será registado e, depois, em sessões a dois, faz-se fotografar por Artur Rosa. Mas por vezes Artur Rosa também entrava na imagem.
Na obra de Helena Almeida, a primeira vez que surge a imagem do casal é em 1979, na obra “Ouve-me”, uma sequência de oito fotografias a preto e branco, ao modo de um ‘storyboard’, em que o rosto dos dois artistas surge frente a frente.
A partir de 2006, o casal começa a surgir representado de um modo mais permanente.
Helena Almeida nasceu em Lisboa em 1934, cidade onde vivia e trabalhava, e estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz.
A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004, participou na Bienal de Sidney.
Nos últimos anos, a sua obra tem sido exibida no âmbito de exposições individuais e coletivas em museus e galerias nacionais e internacionais.
Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017).
Em 2017, apresentou igualmente uma exposição individual “Work is never finished” no Art Institute, em Chicago.
A sua obra está presente em coleções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação Serralves, Porto; Centro de Artes Visuales, Fundación Helga de Alvear, Cáceres; Fundación ARCO, Madrid; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; MEIAC – Museo Extremeno e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM – Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres