Dirigentes exigem mudanças na legislação sobre apostas, seguros, violência e direitos televisivos

Os clubes da Liga ameaçaram esta quarta-feira, em Coimbra, parar os campeonatos profissionais e de formação, caso o governo não atenda as suas pretensões em relação a um novo modelo do futebol profissional, segundo anunciou Carlos Pereira, presidente da SAD do Marítimo, à margem da Cimeira dos Presidentes.

«Pensamos todos que o futebol português tem de ser ouvido e de uma forma séria e célere, ou então podemos correr o risco de parar os campeonatos se estas nossas pretensões não forem ouvidas», disse Carlos Pereira, porta-voz dos clubes, no final da IV Cimeira de presidentes da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, referindo-se à «violência, às apostas, aos seguros e aquilo que é o modelo de governação» que os clubes pretendem.

Entre as propostas já apresentadas ao secretário de Estado do Desporto, as sociedades anónimas desportivas e os clubes pretendem «um novo modelo que possa contemplar todas as vertentes» do futebol profissional no quadro das apostas desportivas.

Sobre a lei do seguro de acidentes de trabalho, foi proposta a criação de um grupo de trabalho com vista a encontrar «uma solução que permita reduzir os elevados prémios cobrados pelas seguradoras» sobre seguros de praticantes desportivos.

A Liga pretende também «uma reflexão sobre a centralização dos direitos televisivos», além da «colaboração conjunta» no que toca à lei da prevenção da violência.

Estes foram alguns dos assuntos discutidos na cimeira que decorreu em Coimbra e que Carlos Pereira considerou que o grupo – representado por 26 das 32 sociedades anónimas desportivas – «sai fortalecido».

«Não podemos andar aqui sempre e pensar que o amanhã é muito longo. Queremos que o amanhã seja mesmo um amanhã e que as propostas sejam ouvidas e satisfeitas em prol daquilo que pagamos ao longo do ano», adiantou o presidente do Marítimo.

O dirigente madeirense acrescentou ainda que os clubes garantem «muitos e muitos postos de trabalho». «Se calhar, somos a única indústria do país mais fiscalizada e que, com certeza, mais paga para o Orçamento do Estado. Queremos que este retorno também seja reconhecido», afirmou.

Carlos Pereira sublinhou ainda que as preocupações dos clubes têm de ser atendidas «o mais rápido possível». «A violência é um prejuízo que causa ao futebol português e é uma [má] imagem que causa ao país e que nós temos dado muitos contributos, mas que na prática não têm sido exequíveis. O Estado tem demorado muito a resolver esses problemas e depois eles vão-se agravando. O que não queremos é que se vão agravando, porque nós também pagamos muito para isso. Queremos celeridade nos processos e que eles sejam resolvidos e não adiados», afirmou.

O presidente do Marítimo insistiu na ameaça: «É possível que se estas causas não forem ouvidas que nós pensemos seriamente em parar os campeonatos profissionais e de formação, porque os clubes e as SADs não são só futebol profissional.»

Segundo o dirigente, os clubes «não se reveem na forma como o futebol português anda a ser tratado». Por isso, «a curto prazo, se isto não for uma preocupação governamental, será uma preocupação dos clubes, que transmitirão à opinião pública aquilo que são as suas reivindicações e que não têm sido aceites [pelo governo]».