Turistas foram surpreendidos com tempestade em Veneza que levou mesmo a deixar a praça de São Marcos inacessível devido à quantidade de água.
A vaga de mau tempo que atinge Itália desde domingo já fez pelo menos cinco mortos, segundo um balanço ainda provisório. Há árvores caídas, edifícios afetados e a tempestade já obrigou ao encerramento de muitas escolas. A água em Veneza um nível histórico.
Uma grande parte de Itália está em estado de alerta devido à confluência de ventos violentos, chuvas torrenciais e marés vivas.
Em Veneza, a “acqua alta” (“água alta”, em tradução livre) atingiu esta tarde um pico de 156 centímetros, um nível para o qual os passadiços de madeira habitualmente dispostos para permitir circular a seco em caso de inundação já não são seguros.
A praça de São Marcos ficou inacessível aos turistas e muitos tiveram de percorrer as ruas em volta com as crianças às cavalitas e os pés ensopados em botas demasiado baixas.
No domingo, a inundação tinha obrigado a cidade a alterar o trajeto da maratona, uma parte da qual acabou na mesma por ser percorrida com os pés na água.
É a sexta vez na história recente da cidade que a “acqua alta” ultrapassa os 150 centímetros: ela atingiu 151 centímetros em 1951, 166 em 1979, 159 em 1986, 156 em 2008 e um recorde de 194 centímetros em novembro de 1966.
Alerta vermelho e laranja
Além de Veneza, quase toda a Itália está em alerta: vermelho no norte (Ligúria, Lombardia, Vêneto, Friul-Veneza Júlia, Trentino) e nos Abruzos (centros), laranja em boa parte do resto da península e na Sicília.
Todas as escolas de Vêneto foram encerradas, tal como as de Roma, Génova (noroeste), Messina (Sicília) e de muitas cidades do Piemonte e da Toscânia.
No nordeste, rajadas de vento de até 100 quilómetros por hora nas áreas costeiras e 150 quilómetros por hora na montanha eram esperadas esta noite, com um total de precipitação em alguns dias equivalente ao volume de vários meses.
Algumas zonas montanhosas do norte de Vêneto já ultrapassaram os 400 milímetros de chuva acumulada desde sábado, e os serviços meteorológicos preveem mais chuva forte.
“Estamos preocupados, porque a situação é análoga, ou talvez pior, àquela que Vêneto viveu [nas grandes inundações] de 1966 e 2010. Os terrenos já estão saturados de água, os rios têm um caudal elevado e, por causa do siroco (vento quente, muito seco, que sopra do deserto do Saara), o mar não absorve”, comentou Luca Zaia, presidente da região de Vêneto.
No sul, um tornado atravessou a província de Brindisi no domingo, devastando os campos, arrancando pela raiz oliveiras jovens ou centenárias e cobrindo a zona com azeitonas arrancadas pelo vento.