Após muita especulação, a Victoria’s Secret confirmou nesta quinta (21) que o tradicional desfile da marca não será realizado neste ano.
A informação foi anunciada pela L Brands, dona da grife de lingerie, e marca o fim de uma era na moda, que nos últimos anos estava sendo criticada pela falta de inclusão e diversidade em seus desfiles. Além de ver seus números de vendas caírem desde 2016, e a audiência do Victoria’s Secret Fashion Show, com as famosas “angels”, despencar. “Faz tempo que o conceito pré estabelecido de beleza ideal caiu por terra. A Victoria’s Secret não entendeu isso ainda e insiste em empurrar uma representação feminina que não atende mais ao desejo da grande maioria das mulheres”, analisa Susana Barbosa, jornalista e ex-diretora da revista ELLE.
O show acabar representa o fim de uma era: o evento acontecia anualmente desde 1995 e ao, longo do tempo, se transformou no maior acontecimento do business, com apresentações apoteóticas de celebridades como Rihanna e Justin Bieber. Ser eleita uma Angel era o ápice da carreira de uma modelo.
Doutzen Kroes e Rihanna, em 2012 (Foto: Getty Images)
A marca, no entanto, já vinha sendo amplamente criticada pela falta de diversidade na passarela. Enquanto novas grifes de lingerie como a Savage X Fenty, comandada por Rihanna, celebram todos os tipos de mulheres e corpos, a VS seguia presa ao seu próprio padrão de beleza, completamente ultrapassado. Após muita reclamação (a top plus size Ashley Graham está entre as que se pronunciaram no Instagram), as seletivas de 2018 aparentaram ser mais inclusivas – a brasileira Valentina Sampaio e a americana Sofia Jamoro (modelos, respectivamente, trans e curvy) participaram –, mas isso não se refletiu na passarela. Diante disso, Edward Razek, diretor de marketing da L Brands (grupo formado pela marca, pela PINK e pela Bath & Body Works), rebateu: “Não, não, acho que não devemos [ter modelos plus size e transsexuais]. Bem, porque não? Porque o show é uma fantasia. É um especial de entretenimento de 42 minutos.”