O presidente executivo da CGD disse hoje que o banco está disponível para prolongar as moratórias de crédito à habitação, além dos seis meses, e previu que as imparidades vão aumentar em “milhares de milhões de euros”.
egundo Paulo Macedo, sendo já certo que não é em seis meses que se resolverá a atual crise provocada pela pandemia de covid-19, a CGD “está disponível para ir além dos seis meses” na concessão de moratórias de crédito a clientes, nomeadamente em créditos à habitação.
O problema, disse, é que se for uma iniciativa isolada, apenas do banco, há o risco de os créditos abrangidos por essas moratórias terem de ser registados como crédito em incumprimento no banco e deixando essa marca no cliente.
“Precisamos de ver como as autoridades europeias vão aceitar isto”, afirmou.
Tanto as moratórias de créditos impostas pelo Governo como as moratórias privadas dos bancos (acordadas no âmbito da Associação Portuguesa de Bancos) não dão origem a incumprimento contratual.
A questão levantada pelo gestor é que já se for um banco a decidir por si mesmo atribuir moratórias o entendimento dos reguladores não é o mesmo, o que colocaria uma pressão sobre o crédito malparado do banco.
Segundo o gestor, os bancos têm de se preparar para o aumento do crédito malparado, uma vez que, apesar de nos próximos meses estarem “imunizados pelas moratórias”, a crise vai prolongar-se.
“Temos de nos preparar. Na última crise, os três grandes bancos tiveram 20 e tal mil milhões de euros de imparidades, esse valor não é absorvível, o que queremos é tentar evitar chegar a esses números outra vez”, afirmou.
Macedo admitiu que serão “milhares de milhões de imparidades” e lembrou que atualmente são as imparidades “que afetam a rentabilidade da Caixa”.
A CGD teve lucros de 776 milhões de euros em 2019, mais 57% face a 2018.
Na terça-feira, também em audições no parlamento, responsáveis do BPI e do Santander Totta consideraram que poderá ter de haver novas moratórias dos crédito após setembro, uma vez que apenas seis meses de moratórias deverão ser insuficientes.
“Se a situação não estiver melhor, tem de haver nova moratória, quer pública, quer por parte da Associação Portuguesa de Bancos”, disse o presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, em audição perante os deputados das comissões de Economia e Orçamento.
Também o administrador do BPI Pedro Barreto considerou que as moratórias impostas pelo Governo, até setembro, “podem não ser suficientes”.
Contudo, sobre a sua prorrogação, disse que provavelmente terá de ser avaliada setor a setor, pelo que é normal que “quem tem de decidir queira esperar antes de tomar uma decisão”.
O presidente do Santander Totta estimou ainda que nos próximos anos os bancos portugueses vão ter de constituir imparidades entre dois e seis mil milhões de euros, para fazer face a crédito malparado, isto considerando que em tempos de crise o custo de crédito ronda entre 1% e 3% da carteira de crédito.