Martinho Gonçalves arrasa gestão camarária em Vila Verde

Martinho Gonçalves, ex-deputado na Assembleia República e candidato à Assembleia Municipal de Vila Verde pelo Partido Socialista (PS), publicou um texto hoje no Facebook, onde fala sobre o 25 de Abril e deixa duras críticas à gestão camarária de António Vilela (PSD).

‘Prepotência insuportável, seriedade política muito duvidosa, terra sem lei e idas de políticos a tribunal’

Diz Martinho Gonçalves, referindo-se ao concelho de Vila Verde que “naquilo que se refere à qualidade da democracia e à implementação de igualdades no acesso aos serviços e às funções camarárias, o panorama é, infelizmente, muito negativo e, ousaria dizer, apresenta-se como uma nódoa muito negra nos autarcas que, ao longo de muitos anos, vêm exercendo os seus poderes com uma prepotência insuportável e com uma seriedade política muito duvidosa. Essa prepotência e falta de seriedade tem levado a que Vila Verde a ser visto pelo país como uma terra sem lei e com muitos desvarios dos seus políticos, que têm sido notícia muito mais pelas idas ao Tribunal do que pelas obras da sua competência, que deveriam fazer e não fazem!”

Texto na íntegra:

“25 DE ABRIL… SEMPRE!

A revolução foi no dia 25 de Abril de 1974, mas poderia ter sido num qualquer outro dia, mês ou ano daqueles tempos negros de há quase meio século!
Sim, porque a mudança era inevitável!
E o regime estava podre, assim como uma maçã bichosa…
A desfazer-se aos bocados…
Valha a verdade que não seria necessária muita força para derrubar aquelas figuras sinistras e arcaicas.
E os bravos Capitães de Abril derrubaram mesmo o anterior regime!
Se calhar, poderemos dizer, por incrível que pareça, que essa terá sido a parte mais fácil da implementação do processo democrático, que pretendia restituir a liberdade e o poder de decidir ao povo português.
O mais difícil estaria para para vir! Mas, até lá foi uma “bebedeira de alegria”!
Primeiro, recuperamos a liberdade e o nosso orgulho na nossa pátria!
Depois, acabamos com as instituições políticas e corporativas e substituímo-las por outras democráticas e comandadas pelo povo, que, agora, era quem mais ordenava, como dizia a cantiga do Zeca Afonso.
Porém, o povo, que passou a ter uma palavra forte nas instituições, aos poucos, foi perdendo essa sua força colectiva, que se foi transferindo para as forças institucionalizadas, com os partidos à frente, mas com outras forças com poder e influência que apareceram na sociedade civil.
De todas essas forças que brotaram na sociedade do pós 25 de Abril, aquelas que talvez tenha sido a mais bem sucedida e mais enraizada foi, sem dúvida, o Poder Local!
Com uma razoável e crescente autonomia, técnica e financeira, o poder local foi, ao longo dos anos, ganhando poderes e meios para para poder fazer face, mais rapidamente e com maior eficácia, às necessidades das pessoas das suas terras.
Em 1976, a expressão “poder local” foi retomado na Constituição e em 12 de Dezembro de 1976, correram as primeiras eleições democráticas para as Câmaras e Freguesias.
E daí em diante, o êxito que foi alcançado pelas autarquias em geral foi, seguramente, um dos pilares políticos e sócio-económicos dos concelhos e freguesias de Portugal!
Este evidente êxito do poder local estendeu-se a uma significativa quantia de municípios, com raras excepções.
No que a nós, vilaverdenses, diz respeito, parece evidente que não temos muitos motivos de celebração, já que, comparando com concelhos da mesma dimensão, estamos muito longe de ter sido contemplados com boas políticas e, principalmente, com autarcas competentes e sérios !
E os resultados estão aí, à vista de todos!
No que diz respeito às obras materiais, foi evidente a nossa chegada tardia ( e incompleta) às redes de abastecimento de água e de saneamento, às vias de trânsito local e daquelas que nos proporcionaram o acesso às estradas nacionais e auto- estrada, aos espaços desportivos e de lazer, à habitação para pessoas menos favorecidas, entre outras.
Porém, já naquilo que que se refere à qualidade da democracia e à implementação de igualdades no acesso aos serviços e ás funções camarárias, o panorama é, infelizmente, muito negativo e, ousaria dizer, apresenta-se como uma nódoa muito negra nos autarcas que, ao longo de muitos anos, vêm exercendo os seus poderes com uma prepotência insuportável e com uma seriedade política muito duvidosa.
Essa prepotência e falta de seriedade tem levado a que Vila Verde a ser visto pelo país como uma terra sem lei e com muitos desvarios dos seus políticos, que têm sido notícia muito mais pelas idas ao Tribunal do que pelas obras da sua competência, que deveriam fazer e não fazem!
Para além disso – que já é muito negativo… – os autarcas do partido preponderante no concelho, nunca e em circunstância alguma, deram um passo que fosse na procura de estabelecer pontes de entendimento com a oposição, com toda a oposição, diga- se!
Na verdade, não há memória de uma vez ( só uma vez…), em que foi solicitada aos partidos da oposição uma reunião, uma opinião, uma conjugação de posições para uma qualquer importante obra ou para ganhar mais força junto do Governo da Nação ou de qualquer importante instituição pública ou privada!
Para os detentores do poder em Vila Verde, os seus opositores parece que têm uma espécie de “ peste política”, que os permite de se poderem aproximar e dialogar!
Será que são infalíveis e detentores de toda a ciência e da verdade?
Nem por ter acontecido que as maiores obras que foram feitas no nosso concelho tenham sido começadas e completadas por governos do Partido Socialista, com o apoio incondicional dos socialistas de Vila Verde?!
Está “ferida exposta” na sociedade Vilaverdense, onde os senhores do poder político não querem sequer falar com os seus opositores e, muito menos, os envolver nas questões de maior amplitude e dificuldade e que necessitam de exibir a unanimidade de todas as forças políticas, está há muito a corroer a democracia em Vila Verde e, até, as próprias relações pessoais entre os vários protagonistas políticos…
Por tudo isto, a democracia que Abril nos deu em Vila Verde está doente…muito doente e ainda tem um caminho longo até chegar a uma situação de convivência democrática e saudável e de cooperação política aberta e eficiente!
Para que Abril, também em Vila Verde, a nossa terra, se cumpra!
Viva o 25 de Abril!”