Guimarães quer ser Portal de Entrada para o litoral do país e linha de alta velocidade

O presidente da Câmara de Guimarães quer que a cidade venha a ser um “Portal de Entrada para o litoral do país e para a linha de alta velocidade”. A afirmação de Domingos Braga foi feita, esta segunda-feira, no final da Reunião de Câmara, dando conta dos objetivos da agenda de mobilidade para aquele concelho.

Em comunicado, a autarquia refere que, a propósito de questões levantadas pela oposição, ainda no período antes da ordem do dia, sobre uma possível não inscrição da ligação por Tramway entre Guimarães e Braga no Plano de Recuperação e Resiliência do Governo, que se encontra em fase de discussão pública, o presidente da Câmara respondeu que os objetivos de mobilidade no concelho podem inserir-se em programas de apoio comunitário.

Recuando no tempo, Domingos Bragança referiu ter apresentado um plano ambicioso de mobilidade no âmbito de uma reunião do Quadrilátero Urbano, ocorrida em 2017, que “não mereceu à data o comprometimento de todos, mas que esse facto não o demoveu de acreditar que é possível revolucionar o sistema de transportes no concelho de Guimarães e, consequentemente, nas ligações aos concelhos vizinhos”.

“Foi essa perseverança que fez com que, junto do atual Governo, eu tenha insistido na importância de ser estabelecida uma ligação por Tramway, em trilho ferroviário dedicado, entre Guimarães e Braga, projeto que viria a ter a anuência do meu colega Ricardo Rio, Presidente da Câmara de Braga”, disse Domingos Bragança, citado no comunicado.

O Presidente da Câmara explicaria, em seguida, que foi esse facto que fez com que se tivessem iniciado reuniões de trabalho entre as equipas técnicas das duas autarquias, no sentido de dar início aos estudos necessários para a realização do projeto.

“A Universidade do Minho apresentou já um estudo preliminar que é preciso aprofundar, aprofundamento esse que carece da existência de um estudo completo para cada um dos sistemas urbanos das duas cidades, que permitirá a sua posterior ligação”, explicou.

Guimarães vai entregar o estudo técnico da restruturação do seu sistema de mobilidade ao professor Álvaro Costa, para que, posteriormente, seja possível iniciar-se uma necessária discussão pública em torno da Agenda de Mobilidade de Guimarães.

“Este estudo de mobilidade integrada terá que prever todos os cenários, desde as respostas que permitam definir quais os eixos principais a implementar, as novas vias a construir e as vias dedicadas que serão necessárias”, disse o autarca.

Domingos Bragança advoga a utilização de um sistema de MetroBus para ligar todo o concelho, que circule sempre que possível através de via dedicada, e um sistema de linha ferroviária dedicada (Tramway) para ligação entre Guimarães e Braga e à futura Estação Ferroviária de Alta Velocidade, tudo isto “sem prejuízo das validações técnicas que o estudo vier a determinar, incluindo outras alternativas”.

Os dois grandes objetivos da Agenda de Mobilidade para Guimarães, para além da descarbonização, sustentabilidade e coesão territorial, são a ligação do sistema urbano do Concelho ao sistema de transportes de Braga e a ligação à futura Estação Ferroviária de Alta Velocidade, que deverá ficar instalada num local dentro da área compreendida entre Famalicão-Braga-Barcelos.

O Presidente da Câmara referiu que esta ambição não será abandonada e será, juntamente com a Agenda Ambiental, um eixo fundamental da visão de futuro para Guimarães. “Estes projetos, que são estruturantes e ambiciosos, não se fazem de um dia para o outro, como muitos querem fazer crer. Só quem não está por dentro de todas as questões relacionadas com os financiamentos é que pode pensar dessa forma. Primeiro necessitamos de bons estudos técnicos, depois de debate público, para que posteriormente se possa elaborar o projeto. Até 2024, este é o nosso caminho. Depois, estaremos em condições para vermos financiada a execução da obra através do Programa Operacional Europeu 2030. Estimamos que só para a parte que diz respeito a Guimarães sejam necessários cerca de 300 milhões de euros, o que representará um esforço de cerca de 60 milhões da contrapartida nacional que temos condições de repartir por cerca de 10 anos, num esforço anual que corresponderá a cerca de 6 milhões de euros. Nós vamos conseguir, disso não tenho dúvida”, frisou Domingos Bragança.

O presidente da CÂmara disse ainda que tem como objetivo fazer com que Guimarães se venha a constituir, para as regiões do interior norte do país, como um “Portal de entrada para o litoral e para a linha de alta velocidade”, apelando ainda para que os deputados de Guimarães na Assembleia da República se batam pelo desenvolvimento do concelho.

“Este é um assunto que não deve ser misturado com lutas partidárias, pois ele é demasiado importante para o futuro de Guimarães e de toda esta região. Esta obra, que poderá vir a estar concluída em 2030, já não será por mim inaugurada, mas terá todo o meu empenho no trabalho que será realizado nos próximos 3 anos, se for em mim que os vimaranenses depositem a sua confiança. Esse será um trabalho fundamental para que uma autêntica revolução na mobilidade, com um projeto de mobilidade de futuro, descarbonizado, moderno e sustentável, possa tornar-se realidade”, concluiu.