Morreu Stanley Ho, o magnata do jogo em Macau

(FILES) This file photo taken on April 19, 2006 shows Macau's gambling tycoon Stanley Ho (C) surrounded by photographers as he operates a slot machine during the opening of his new casino in downtown Lisbon. - Stanley Ho, the Hong Kong-born tycoon who made billions transforming neighbouring Macau from a sleepy Portuguese outpost into the world's biggest gambling hub, died on May 26, 2020 at the age of 98, his family said. (Photo by FRANCISCO LEONG / AFP)

Era dos homens mais ricos da Ásia e tinha 98 anos.

Morreu o empresário macaense Stanley Ho. A notícia está a ser avançada nesta terça-feira pela agência Reuters, que cita a televisão estatal chinesa CCTV.

O empresário multimilionário e um dos homens mais ricos da Ásia tinha 98 anos e, segundo a imprensa do país, estava hospitalizado em estado crítico.

Além de magnata do jogo em Macau, Stanley Ho construiu um império que inclui também os casinos de Lisboa, Estoril e Póvoa de Varzim.

https://twitter.com/CCTVAsiaPacific/status/1265163339409186817/photo/1

Através da SJM Holdings, o magnata que gostava de dançar mas aconselhava os mais próximos e queridos a evitar o jogo, chefiou uma das empresas de jogos mais lucrativas do mundo. A sua empresa está avaliada em cerca de seis mil milhões de dólares americanos

O Casino Hotel Grand Lisboa é um dos que integra o império de Stanley Ho. Foto: João Relvas/Lusa

Nascido em Hong Kong, Ho tinha quatro esposas e 17 filhos conhecidos. Depois de batalha legal familiar por causa da sua fortuna, em 2012, foi forçado a reestruturar os seus negócios.

“Self-made man”

Exemplo acabado de um “self-made man”, Stanley Ho fica para a história como o magnata dos casinos de Macau, terra que abraçou como sua e cujo desenvolvimento surge indissociavelmente ligado ao seu império do jogo.

Nascido a 25 de novembro de 1921 em Hong Kong, Stanley Ho fugiu à ocupação japonesa para se radicar na então portuguesa Macau, onde fez fortuna ao lado da mulher macaense, oriunda de uma das mais influentes famílias da altura.

Na década de 1960, conquista com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), o monopólio de exploração do jogo, que manteve por mais 40 anos, até à liberalização, que trouxe a concorrência dos norte-americanos, ainda assim longe de lhe roubar a hegemonia.

Stanley Ho viria a deixar o seu “cunho” na transformação do território – desde a dragagem dos canais de navegação – uma das imposições do próprio contrato de concessão de jogos – à construção do Centro Cultural de Macau, do Aeroporto Internacional ou à constituição da companhia aérea Air Macau.

O mais rico de Macau

Stanley Ho foi a pessoa mais rica de Macau. Em 2003, o seu império contribuía para cerca de um terço do PIB macaense e para perto de 30% das receitas do Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

Era ainda responsável pela manutenção de milhares de postos de trabalho. Em 2006, a Forbes colocava-o na 86.ª posição entre os mais ricos do mundo.

Sendo um dos maiores proprietários de Macau, Stanely Ho também tinha várias propriedades em Hong Kong e investiu no Vietname, na Coreia do Norte, nas Filipinas e em Portugal.

A sua atividade empresarial centrou-se no entretenimento (jogos e turismo), mas abrangeu também os transportes marítimos e aéreos, o setor do imobiliário e as finanças.

Em 2008, com a crise financeira, Stanley Ho perdeu 89% da sua fortuna, que passou de nove mil milhões para mil milhões de dólares americanos, segundo a Forbes, que o colocou na 19.ª posição das maiores fortunas de Honk Kong.

Mas, em 2010, conseguiu recuperar e passar para 2,1 mil milhões de dólares.