Numa comunicação ao país, o Presidente da República considerou que Portugal tem de “sair da primavera sem mais um verão ou um outono ameaçados” e fixou a Páscoa como meta, rejeitando cenários de crise política.
Em jeito de balanço, o chefe de Estado voltou ao início de “duas semanas difíceis”, que “terminaram melhor do que haviam começado”, quando se registavam números de infeções e de mortes “dos piores da Europa e do Mundo”, com “notícias pontuais de favoritismo no desvio de vacinas”, “sentimentos divididos contra apoios europeus” e “acenos a Governos de salvação nacional”. Foram, descreveu Marcelo, no dia em que o Parlamento aprovou a renovação do estado de emergência até 1 de março, “dias pesados para todos, dramático para bastantes”.
Ainda assim, foi possível “trazer razão onde reinava a emoção” e “o correr dos dias permitiu esclarecer o que parecia impercetível”: os portugueses compreenderam que “os apoios europeus eram simbólicos e não substituíam os heróis da saúde”, que “há atrasos na produção e no fornecimento de vacinas, em Portugal e na Europa”, que “os responsáveis pelo desvio de vacinas iam ser exemplarmente punidos”, e que provocar agora crises políticas “não servia para outra coisa senão para agravar a pandemia”. “Não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais. Já nos bastam a crise da saúde e a crise económica e social”, afirmou.
Mas “o mais importante”, destacou, foi a compreensão de que “o número de infetados por dia descia de mais de 15 ou 16 mil para entre dois e sete mil”, provocando também a diminuição de mortes e da “enorme pressão sobre as estruturas da saúde”.
“Manter o confinamento” para evitar nova vaga
O caminho que se segue tem de ser, assim, de continuidade, para evitar uma quarta vaga, defendeu. “Agora, é tudo muito claro: temos de sair da primavera sem mais um verão e outono ameaçados. Em vida, saúde, economia, sociedade. Temos de assegurar que a Páscoa, no início de abril, não será causa de mais uns meses de regresso ao que vivemos nestas semanas, disse Marcelo Rebelo de Sousa, detalhando que o número de casos diários tem de baixar “para menos de dois mil”, de modo a que “os internamentos e os cuidados intensivos desçam dos mais de cinco mil e mais de 800 para perto de um quarto desses valores”.
“Temos de manter o estado de emergência e o confinamento, como os atuais, por mais 15 dias, e apontar para prosseguir março no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa. Temos de, durante essas semanas, ir estudando como, depois da Páscoa, evitar que qualquer abertura seja um novo intervalo entre duas vagas”.PUB
Destacando também o papel das Forças Armadas, que descreveu como “um trunfo no processo de vacinação”, o chefe de Estado deixou as últimas palavras para agradecer ao povo português: “Quero agradecer-vos este confinamento global e apelar a mais resistência ainda. Quero dar-vos esperança. Vós, portugueses, sois na verdade a única razão de ter orgulho em Portugal.”