Cerca de 73% da população acredita que o clima da Terra se está a aproximar “abruptamente” de pontos sem retorno, devido à atividade humana, de acordo com uma pesquisa de opinião global divulgada esta terça-feira e citada pela ‘France24’.
O estudo, realizado pela Global Commons Alliance e pela consultora Ipsos MORI, mostrou que mais da metade (58%) dos inquiridos nas nações do G20 se sentem muito ou extremamente preocupados com o estado do planeta.
Adicionalmente, quatro em cada cinco inquiridos disseram querer fazer mais para proteger o planeta. “As pessoas sabem que estamos a correr riscos colossais, querem fazer mais e que os seus governos façam mais”, disse Owen Gaffney, o principal autor de um relatório baseado nas conclusões da pesquisa.
O estudo agora divulgado, mostrou ainda que as pessoas das nações em desenvolvimento estavam mais dispostas a proteger a natureza e o clima do que as que vivem nos países ricos.
Cerca de 95% dos inquiridos na Indonésia e 94% na África do Sul disseram que fariam mais pelo planeta, em comparação com apenas 70% e 74% na Alemanha e nos Estados Unidos, respetivamente.
E embora 59% dos participantes tenham dito que acreditavam na necessidade de uma transição rápida para longe dos combustíveis fósseis, apenas 8% reconheceram a necessidade de mudanças económicas em grande escala nesta década.
Gaffney disse que a pesquisa mostrou que “as pessoas realmente querem fazer algo para proteger a natureza, mas dizem que não têm informações e enfrentam restrições financeiras para o conseguir fazer”.
“A grande maioria das pessoas nos países mais ricos do mundo está preocupada com o estado do planeta e quer protegê-lo”, disse a ambientalista do Quénia, Elizabeth Wathuti. “Querem tornar-se administradores planetários. Isso deve ser um alerta para os líderes em todos os locais”, acrescentou.
Os cientistas mostram-se cada vez mais preocupados com a possibilidade de alguns ciclos da natureza – como o derretimento irreversível de glaciares – estarem perto de ser acionados, já que as elevadas emissões de carbono na atmosfera não mostram sinais de desaceleração, apesar de o mundo enfrentar uma pandemia.
Estudos anteriores já têm vindo a alertar para o facto de que a Terra está a caminho de ser 1,5 graus Celsius mais quente do que os tempos pré-industriais, devendo atingir esse marco em 2030, uma década antes do que se previa há apenas três anos.
Segundo essas pesquisas, fatores de “baixa probabilidade e alto impacto”, como a degradação da Amazónia, que passou de uma fonte de absorção de carbono para um produtor, “não podem ser descartados”.