Investigadores britânicos dizem ter encontrado a solução quando o tumor resiste a todos os tratamentos

Estudo revela que a nova descoberta – que faz da imunoterapia protagonista – ajuda os pacientes com cancro a serem novamente sensíveis a tratamentos

A combinação de um fármaco de imunoterapia com um medicamento de nova geração mas ainda em fase experimental pode ser a solução para os pacientes com cancro que resistem a todos os tratamentos existentes.

A descoberta foi feita por um grupo de cientistas britânicos e os resultados foram publicados na revista científica Journal for ImmunoTherapy of Cancer: juntar Pembrolizumab – um anticorpo monoclonal humanizado, antirrecetor da proteína de morte programada-1 (PD-1) – com guadecitabine – agente hipometilante de última geração, que atua nos genes que controlam o crescimento tumoral e destroem as células de crescimento rápido – pode tornar os pacientes com cancro novamente sensíveis a imunoterapia, uma das terapêuticas anticancro e aquela que mais tem dado cartas na oncologia por fazer do sistema imunitário a ferramenta de combate aos tumores.

No estudo levado a cabo por investigadores do Instituto de Pesquisa do Cancro de Londres e do Royal Marsden NHS Foundation Trust, dos 34 pacientes com cancro que participaram na investigação, 37% ficaram com a doença controlada por 24 meses ou mais e foi notado, de uma forma geral, uma melhoria na quantidade de glóbulos brancos (células T) dos pacientes estudados. Destes pacientes que viram a doença controlada durante dois anos ou mais, 82% já tinham visto dois outros tratamentos falhar antes de entrarem nesta investigação, lê-se na publicação online dos resultados.

Apesar de a descoberta ser promissora para toda a área de oncologia, foram os pacientes com cancro do pulmão de não-pequenas células (o mais comum) aqueles que apresentaram melhores resultados: 42% ficaram com a doença controlada por mais de dois anos, incluindo os que tinham já realizado tratamentos à base de inibidores de checkpoint imunitários, tal como o Pembrolizumab, provando que a imunoterapia, por vezes, não consegue dar conta do recado sozinha, sobretudo quando os pacientes desenvolvem resistência às terapias.

“A combinação de guadecitabina e pembrolizumab é segura, tolerável e tem atividade antitumoral em pacientes previamente tratados com inibidores de checkpoint imunológico”, defendem os autores do estudo.

Tal como qualquer outro medicamento ou combinação de medicamentos, esta nova dupla também apresentou alguns efeitos secundários, mas todos ligeiros: neutropenia (diminuição dos neutrófilos no sangue, 58,8%), fadiga (17,6%), neutropenia febril (11,8%) e náusea (11,8%). 

O estudo que analisou a combinação destes dois medicamentos aconteceu entre 31 de janeiro de 2017 e 7 de janeiro de 2020 e nenhum dos pacientes morreu.