Subida das taxas Euribor não dá descanso às famílias. Setembro traz uma nova subida da prestação da casa que pode ir até 120 euros. BCE prepara-se para apertar ainda mais o cinto.

A subida das Euribor continua a ser uma grande dor de cabeça para as mais de 1,3 milhões de famílias com crédito da casa associada a taxa variável. O aperto do Banco Central Europeu (BCE) está a ir diretamente ao bolso dos portugueses por via do aumento da prestação da habitação. Os contratos que forem revistos agora em setembro vão registar agravamentos na prestação entre 9% e 27%, consoante o prazo do indexante, de acordo com as simulações do jornal on-line ECO.

Agosto foi um mês de férias para uma boa parte dos portugueses, mas nem por isso as taxas interbancárias usadas no crédito da casa relaxaram. Pelo contrário, aceleraram ainda mais com os sinais de que o banco central vai continuar a subir os juros diretores para controlar a escalada dos preços.

O BCE já subiu as taxas de referência em 50 pontos base em julho e deverá anunciar uma nova subida da mesma dimensão ou superior agora no início de setembro, quando o conselho de governadores se reunir no próximo dia 8, para responder à inflação que permanece em níveis preocupantes.

Este aperto monetário tem consequências no resto da economia. Os bancos passam a cobrar taxas mais altas nos empréstimos que fazem entre si. São as chamadas taxas Euribor, que são usadas nos contratos de crédito que depois firmam com os clientes: famílias e empresas.

Assim, a prestação da casa evoluiu consoante a Euribor. Se for mais baixa, paga menos ao banco, como aconteceu nos últimos anos. Se aumentar, vai pagar mais pelo empréstimo. Que é o que tem acontecido nos últimos meses, em que estas taxas deixaram de estar em terreno negativo e passaram já para valores acima de 1%, casos dos prazos a seis meses e a 12 meses.

Em Portugal, mais de 1,3 milhões de contratos da casa têm taxa variável, correspondendo a 93% do mercado, e são estes que estão expostos às variações das Euribor. Para bem e, agora, para o mal.

Euribor aproximam-se dos máximos da crise da dívida

Se as condições do seu contrato forem revistas em setembro, prepare-se para sentir a pressão do que acabamos de descrever. Vêm aí aumentos como nunca se viu em mais de uma década, reflexo da subida repentina das Euribor.

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%, se o empréstimo tem como indexante:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para quase 510 euros, mais de 43 euros (+9,3%) em relação à prestação que pagava desde junho;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá subir para 541 euros, um aumento de cerca de 87 euros (+19%) em relação à prestação que pagava desde março;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para 571 euros, mais 122 euros (27,3%) em relação à prestação que pagou no último ano.

O jornal on-line ECO, refere que há várias soluções que podem ser consideradas no sentido de reduzir o esforço mensal com o crédito da habitação: amortizar, esticar o prazorenegociar os seguros e outros produtos bancários, e transferir o crédito habitação poderão ajudar minimizar o impacto da subida dos juros.

Pode também proteger-se das variações das taxas Euribor passando o seu contrato para taxa fixa, como os bancos têm sinalizado, mas faça as contas se essa mudança poderá ser benéfica para o seu caso.