Entre os empréstimos contratados, 41% deverão ter uma variação abaixo dos 50 euros neste período, enquanto 18,1% poderão apresentar aumentos superiores a 150 euros.
Aprestação média do crédito à habitação deverá subir 92 euros até dezembro de 2023 face a junho deste ano, o que significa um aumento de 32%, segundo cálculos do Banco de Portugal (BdP), divulgados na quarta-feira. Estas previsões acontecem num cenário de subida das taxas de juro – e a perspetiva é que o mesmo se mantenha ao longo dos próximos meses.
“O valor médio em dívida dos particulares, de cerca de 64 mil euros, traduz-se numa prestação média estimada de 279 euros em junho de 2022”, refere o BdP no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), no qual estima que “esta aumente 92 euros até ao final de 2023″ face ao fim do primeiro semestre do ano.
Entre os empréstimos contratados, 41% deverão ter uma variação abaixo dos 50 euros neste período, enquanto 18,1% poderão apresentar aumentos superiores a 150 euros.
Uma das razões para estes aumentos passa pelos encargos com o serviço da dívida nos empréstimos bancários à habitação – cerca de 90% têm taxa variável. Os dados constantes no REF apontam para valores de 3% em dezembro de 2023 para as taxas Euribor a três, seis e 12 meses.
Taxa de esforço ‘apanha a boleia’ e também cresce
O banco central acrescenta que estes aumentos com o serviço de dívida deverão contribuir para uma subida da taxa de esforço em 4,8 pontos percentuais para 21,5% até dezembro de 2023.
O regulador acrescenta que no final de 2023, 10% dos contratos de empréstimo à habitação terão este rácio acima dos 41,2%, depois de em junho de 2022 apenas 5,1% destes contratos tinham uma taxa de esforço acima dos 40%.
Como estão as Euribor?
As taxas Euribor subiram, na quarta-feira, a três, a seis e a 12 meses face a terça-feira, nos dois prazos mais curtos para novos máximos desde fevereiro e janeiro de 2009.
A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno positivo a 6 de junho, avançou para 2,360% mais 0,022 pontos, um máximo desde janeiro de 2009. A média da Euribor a seis meses subiu de 1,596% em setembro para 1,997% em outubro.
A Euribor a seis meses esteve negativa durante seis anos e sete meses (entre 06 de novembro de 2015 e 03 de junho de 2022).
As Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras este ano devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro. Em 27 de outubro, com o objetivo de travar a inflação, o BCE subiu as três taxas de juro diretoras em 75 pontos base, o terceiro aumento consecutivo deste ano, depois de em 21 de julho ter subido em 50 pontos base as três taxas de juro diretoras, a primeira subida em 11 anos, e em 08 de setembro em 75 pontos base.
A evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras do BCE.