A deputada bloquista Mariana Mortágua anunciou hoje que é candidata à liderança do BE na Convenção Nacional do partido marcada para o final de maio.

“Sou candidata à coordenação do Bloco de Esquerda”, disse Mariana Mortágua numa conferência de imprensa na qual apresentou uma moção que será subscrita por cerca de 1.300 bloquistas. “Repondo que sim porque quero fazer todas as lutas, as que enchem e dão significado à democracia”, disse.

Contando com “todas as pessoas que sentem que o Governo da maioria absoluta do PS desistiu e que só atira promessas para cima dos problemas”, a candidata à liderança do BE acusou o partido de António Costa de de ter pretendido o “poder absoluto para deixar o país condenado ao desrespeito pela educação e pela saúde, consumido por quem especula com os preços, corroído pela corrupção e pela facilidade milionária dos favores”.

Este anúncio surge duas semanas depois de a ainda coordenadora do BE, Catarina Martins, ter revelado que vai deixar a liderança do partido na Convenção Nacional de 27 e 28 de maio, que decorrerá em Lisboa. A candidatura de Mariana Mortágua era esperada desde esse momento.

Em declarações esta manhã, Mariana Mortágua justificou a necessidade do BE enquanto “alternativa à esquerda para criar respostas para as pessoas” com uma “maioria absoluta do Partido Socialista que não cumpre o que prometeu: não há no país mais diálogo ou mais estabilidade”.

“O PS só atira promessas para cima dos problemas”, acusa Mortágua, deixando mesmo um recado ao primeiro-ministro: “Mostraremos ao país — e espero que António Costa ouça bem – que a política do medo não pode vencer”.

A candidata à liderança do BE acusou o partido de António Costa de ter pretendido o “poder absoluto para deixar o país condenado ao desrespeito pela educação e pela saúde, consumido por quem especula com os preços, corroído pela corrupção e pela facilidade milionária dos favores”.

“A maioria absoluta nunca foi outra coisa que não arrogância, intransigência e instabilidade”, argumentou, considerando que se trata de “instabilidade de verdade” na vida das pessoas como no caso da habitação, “salários de miséria de professores” ou uma “sociedade dividida entre uma maioria que perde salário a cada dia que passa e uma pequena minoria, uma elite que lucra com a crise”.

Para Mariana Mortágua, “as desigualdades não são um pauzinho na engrenagem”, mas sim “um pedregulho que esmaga o futuro e para isso a direita não tem qualquer solução”.

A Catarina Martins, Mariana Mortágua atribuiu o “impulso renovado” do partido que agora se propõe liderar e disse que que conta com a líder demissionária também nesta nova fase do BE. “Tenho a certeza que agora que decidiu renunciar ao seu mandato, [Catarina Martins] vai continuar a marcar-nos com a sua resistência e a sua força”.

Mariana Mortágua, que está no parlamento desde 2013 (entrando então para substituir Ana Drago), nasceu em 1986 e é economista, tendo sido o rosto do partido nas comissões parlamentares de inquérito à banca e nas discussões do Orçamento do Estado, entre outros dossiês. Com licenciatura, mestrado e doutoramento em economia, Mariana Mortágua conta já com algumas obras publicadas nesta área, duas delas em coautoria com o fundador e ex-líder do BE, Francisco Louçã.

O fundador Luís Fazenda, os eurodeputados Marisa Matias e José Gusmão, a deputada Joana Mortágua ou os ex-deputados Jorge Costa e Moisés Ferreira eram alguns dos nomes presentes na sede do BE, onde foi feita esta conferência de imprensa.

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Quando anunciou a sua saída na convenção marcada para os dias 27 e 28 de maio, Catarina Martins manifestou “absoluta tranquilidade” de que havia pessoas “com capacidade, força e preparação” para a substituir no cargo, esperando uma convenção com “soluções de unidade no partido”.

A ainda líder do BE afirmou que a década durante a qual esteve à frente dos destinos do BE foi de “vitórias e derrotas”, explicando que “o que mudou agora” foi “a instabilidade da maioria absoluta” e que a crise “multiplicada dentro do Governo e em choque com a luta popular é o sinal do fim de um ciclo político”.

Catarina Martins está na liderança bloquista desde novembro de 2012, na altura em parceria com João Semedo, quando foram eleitos coordenadores do Bloco de Esquerda, então numa inédita liderança “bicéfala”, modelo abandonado dois anos depois, na Convenção Nacional seguinte, em 2014.

Hoje, pouco depois da conferência de imprensa de Mariana Mortágua, Catarina Martins destacou a preparação, competência, generosidade e entrega da deputada bloquista.

“Não há quem duvide da preparação, capacidade de trabalho e competência da Mariana. Sei que agora provará ao país o que eu já conheço tão bem: a generosidade e entrega em cada um dos combates por um país mais justo. Força, Mariana Mortagua”, escreveu Catarina Martins na sua conta oficial na rede social Twitter, texto ilustrado com uma imagem das duas bloquistas.