O atual líder de facto do Sudão ordenou o congelamento de todas as contas bancárias pertencentes as Forças de Apoio Rápido (RSF na sigla em inglês), o grupo paramilitar rival que combate contra o Exército, há um mês.

O decreto, emitido no domingo pelo general Abdel Fattah al-Burhan, terá como alvo as contas oficiais das RSF no banco sudanês, bem como as contas de todas as empresas pertencentes ao grupo, informou hoje a agência de notícias estatal SUNA.

O chefe militar anunciou também a substituição do governador do Banco Central do Sudão, uma medida provavelmente ligada ao decreto de congelamento das contas do grupo paramilitar.

Ao longo da última década, as RSF acumularam fundos avultados através da aquisição gradual de instituições financeiras sudanesas e reservas de ouro.

O general também fez mudanças no executivo que lidera, como presidente do Conselho Soberano de Transição do Sudão, demitindo hoje o ministro interino do Interior, Anan Hamid Muhamad Omar.

Al-Burhan não adiantou as razões para a decisão de demitir o ministro, que também era diretor-geral da polícia do Sudão, embora tenha de imediato nomeado Khaled Hassan Mohiudín como seu substituto na chefia da polícia, de acordo com a agência de notícias estatal sudanesa, SUNA.

Há um mês, desde 15 de abril, que o exército sudanês, liderado por al-Burhan, e as RSF, comandadas por Mohamed Hamdan Daglo, travam uma luta pelo poder que já fez mais de 600 mortos, obrigou milhares de pessoas a fugir para os países vizinhos e centenas de milhares a deslocarem-se internamente.

Na quinta-feira, o Exército e as RSF assinaram um acordo de princípio na cidade saudita de Jeddah, mediado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos, e com a ajuda das Nações Unidas, para garantir o fluxo seguro de ajuda internacional aos sudaneses, proteger os civis e os trabalhadores humanitários.

Contudo, hoje os combates e bombardeamentos prosseguiam, segundo relatos de residentes, sobretudo em Cartum, a capital do país.