A Comissão dos Trabalhadores do Hospital de Braga está preocupada com o atraso no arranque das obras da nova creche de Gualtar e exige uma redução de 25% nas avenças dos parques de estacionamento. Dois anos após a constituição da Comissão de Trabalhadores, o seu presidente, Camilo Ferreira, faz um balanço “muito positivo” do trabalho até agora desenvolvido.

Camilo Ferreira destaca o “projeto do berçário” como “a cereja no topo do bolo”. “Há muito tempo que era falado e fazia falta para combater o absentismo”, explica, dando conta de que a ideia inicial era que fosse nas instalações do hospital, o que não foi possível.

“Quando levámos essa ideia ao Conselho de Administração, [o espaço] já estava destinado para o banco de sangue e para a farmácia de ambulatório. E muito bem, porque são serviços que fazem falta. Na altura, pedimos ajuda ao município de Braga, através do seu presidente, a quem fico muito agradecido. O dr. Ricardo Rio disse que havia um terreno afeto a essa mesma necessidade ao lado do hospital e começámos a trabalhar nesse sentido”, aponta, deixando um agradecimento ao autarca por “desde a primeira hora” ter “sido um grande parceiro da Comissão”.

A nova creche será repartida entre o Hospital de Braga, a Universidade do Minho e a Junta de Gualtar.

Contudo, Camilo Ferreira está “um bocado preocupado” com o andamento da construção. “As obras já deviam estar a arrancar, acho que estão um pouco atrasadas, o que nos está a deixar um bocado preocupados. O PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] já foi aprovado há algum tempo e acho que devia ser altura de colocar as mãos à obra”.

“Estamos à espera que o Centro Social Vale do Homem, entidade à qual a Câmara adjudicou o berçário, nos faça chegar alguma notícia quanto a isso”, acrescenta.

“Parques de estacionamento são um problema muito complexo”

A Comissão de Trabalhadores reivindica, ainda, a redução do valor da avença nos parques de estacionamento, exigindo, para esse fim, que a ARS-Norte abdique dos 25% que cobra de renda dos espaços.

“Os parques são um problema bastante complexo e que nos preocupa muito”, aponta o presidente da Comissão de Trabalhadores, notando que, ao nível da criação de novos aparcamentos no edifício do hospital, não é possível fazer “grande coisa, porque a administração tem um contrato e os contratos são para se cumprir”.

O que a Comissão de Trabalhadores pretende é que os 25% que a ARS-Norte cobra de renda revertam “para baixar as avenças do parque de estacionamento”.

“É isso que estamos a trabalhar. Já pedimos uma reunião com a ARS para transmitir esse desagrado, mas até hoje não recebemos resposta”, refere Camilo Ferreira.

Comissão ouvida pelo Presidente da República

Por outro lado, a Comissão de Trabalhadores pediu uma audiência com o Presidente da República, tendo sido recebida por duas assessoras de Marcelo Rebelo de Sousa, que pediram “uma memória descritiva” com as suas pretensões.

“O sr. Presidente da República já fez o favor de partilhar [essas reivindicações] com o primeiro-ministro e o ministro da Saúde. Nós, contudo, também já pedimos uma audiência com o ministro da Saúde. Se não houver desenvolvimentos, vamos ter que travar outras formas de luta, porque 33 euros/mês para o parque descoberto e 48 para o coberto é um preço excessivo para as contas de todos os trabalhadores”, critica Camilo Ferreira.

O responsável salienta que, segundo o inquérito feito para a construção da creche, “90% dos colaboradores do hospital não residem em Braga, todos eles são dependentes do automóvel”.

Outros projetos “não menos importantes”

Entre outros “projetos não menos importantes”, Camilo Ferreira salienta também o trabalho desenvolvido na luta pelo “desbloqueio” da carreira de técnico auxiliar da saúde, a qual já está a ser discutido na Assembleia da República, mas também o protocolo com a Câmara de Braga para a qualificação dos profissionais através dos cursos RVCC (Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, adquiridas ao longo da vida).

“É uma mais-valia para todos os profissionais. E tivemos uma adesão bastante considerável: para o 9.º ano tivemos cerca de 50 inscrições, para o 12.º na ordem das 200/250, e para técnico auxiliar de saúde cerca de 300. E com uma taxa de sucesso bastante elevada”, vinca Camilo Ferreira.

Outro vetor importante é o apoio social. “Quando fomos constituídos [15 de fevereiro de 2021] estávamos em plena pandemia e sentimos que havia necessidades entre os profissionais. Nesse sentido fizemos um protocolo com o Virar da Página, e bendita a hora em que o fizemos, pois, após o anúncio do protocolo, já tínhamos cerca de 15 pessoas a bater à porta para pedir ajuda”, conta.

Esse apoio foi intensificado: “Na interação com essas pessoas percebemos que a ajuda do Virar da Página era curta e precisávamos de um apoio mais complexo. Assim sendo, fizemos um protocolo com a Cruz Vermelha, onde havia ajudas pontuais à luz, água, renda, ao endividamento, à violência doméstica. Foi um protocolo bastante importante com o qual conseguimos ajudar vários trabalhadores a suprimirem dificuldades”.