A Câmara do Porto defendeu hoje que a realização do arraial da Marcha do Orgulho LGBTI+ no centro da cidade “não facilitaria a mobilidade” num fim de semana com vários eventos, após receber uma petição contra a sua “invisibilidade”.
“Oimpacto deste evento no centro da cidade, num fim de semana onde se realizam vários eventos (…) não facilitaria a mobilidade dos portuenses”, refere a Câmara Municipal numa posição enviada hoje à Lusa.
Segundo a autarquia, em causa estão eventos como “o Festival da Comida Continente (Parque da Cidade), Piquenique Dançante (Parque de S. Roque), Estádio de Praia (Edifício Transparente), Porto Pride (Parque da Pasteleira), Corrida PortuCale (Gustavo Eiffel e Paiva Couceiro)”.
No domingo, a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto (MOP) lançou uma petição ‘online’ a reivindicar que a 18.ª MOP aconteça no centro do Porto e não seja remetida à “invisibilidade” pelo município, que foi entregue na quarta-feira à Câmara com 5.701 assinaturas.
Segundo a autarquia, “sempre foi referido à organização da marcha LGBTI+”, composta por cerca de 21 coletivos e associações, que pretendia “evitar o centro da cidade para a realização do arraial, à semelhança do que aconteceu com a outra iniciativa, com o mesmo cariz e no mesmo fim de semana (Porto Pride)”.
A escolha do Parque do Covelo, local “com todas as condições para a realização do evento”, teve “como principal fundamento lógico, o facto de ser um parque urbano e estar próximo de acessos viários (VCI), e transportes públicos tais como o Metro e a STCP”, refere ainda a autarquia liderada pelo independente Rui Moreira.
Segundo a comissão organizadora, esta dirigiu à Câmara do Porto, há três meses, dois pedidos de apoio para concretizar um arraial popular e associativo no final da marcha: “um pedido de estruturas, licenças e requisição do espaço Largo Amor de Perdição, e um pedido de 10 mil euros para gastos de produção”.
A comissão refere que o pedido financeiro “foi negado” e a realização da iniciativa foi remetida para a Alameda das Fontainhas, mas após uma ausência de resposta durante três meses, no dia 19 de junho a empresa municipal Ágora comunicou a realização da iniciativa no Covelo.
A Câmara do Porto aponta que, em primeiro lugar, “rececionou um pedido de apoio para a organização do evento da Porto Pride”, também no Largo Amor de Perdição, na Cordoaria, “o que foi declinado” (o festival foi deslocalizado para o Parque da Pasteleira), e “só posteriormente chegou o pedido para o apoio à realização do arraial, no âmbito da marcha LGBTI+, por parte de outras organizações”.
Na posição hoje enviada à Lusa, a autarquia refere ainda que a Ágora “apoia uma grande diversidade de eventos, quando isso lhe é solicitado, como foi neste caso”, em que “já manifestou e transmitiu à organização que iria apoiar”.
Relativamente aos apoios, e tendo em conta que tanto o Porto Pride como a Marcha os pediram, a autarquia refere que “foi decidido que o mesmo seria concedido, de forma equitativa, com respeito do princípio da equidade” adotado “sempre” pelo município, algo que “foi oportunamente transmitido a ambas entidades”.
Os apoios consistem “na disponibilização de um espaço municipal identificado e partilhado, com condições tidas por adequadas à realização dos eventos, bem como a disponibilização de um conjunto de material e outro apoio logístico”, e ajuda na obtenção de licenças, segundo a Câmara do Porto.
A autarquia refere ainda estar disponível para uma reunião conjunta com ambas as entidades, apesar de ter recebido “dois pedidos de apoio independentes”, e tendo em conta que “a Porto Pride manifestou disponibilidade para acolher o arraial da Marcha do Orgulho LGBTI+ no Parque da Pasteleira, conjuntamente com o seu evento”, abre a porta à “concretização dos dois eventos no Parque da Pasteleira”.
A autarquia refere ainda que os organizadores têm “todo o direito de escolher os seus percursos se fizerem as devidas comunicações com a devida antecedência”, e o município de “só apoiar eventos” desde que “se enquadrem na estratégia municipal e de dinâmica de cidade”, em função “de critérios de equidade e considerando o interesse comum”.