Autocaravanas e tendas nas imediações do santuário acolhem por estes dias peregrinos que escolhem Fátima para passar férias, este ano com o bónus da visita do Papa Francisco por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Venho para aqui há 52 anos passar férias”, afirmou hoje à agência Lusa Maria Manuela Tavares, de 73 anos, de São João da Madeira (Aveiro), junto à tenda e reboque instalados desde sábado num dos parques do Santuário de Fátima.

A peregrina, antiga metalúrgica, recordou que nunca viu um Papa no santuário, em agosto.

“É, sim senhora, uma prenda”, disse Maria Manuela, acrescentando: “É uma sorte ver o Papa”.

A JMJ realiza-se de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, presidida pelo Papa Francisco, que se desloca ao Santuário de Fátima no dia 5.

Esta é a segunda vez que o Papa Francisco está em Portugal. Na primeira, em maio de 2017, presidiu à cerimónia de canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, no Santuário de Fátima, quando passava o primeiro centenário dos acontecimentos na Cova da Iria.

Desta visita, Maria Manuela relatou: “Saímos de casa às 11 da noite, para fugir do trânsito. Chegámos à uma da manhã, andámos no recinto, tropeçámos nos jovens que estavam a dormir no chão. Às cinco da manhã já estávamos outra vez no recinto para guardar lugar”.

Maria Manuela, o marido, uma neta, de 17 anos, uma amiga e uma gata esperam ficar de férias em Fátima até dia 26 de agosto.

“Gosto de estar aqui, à beira d’Ela. É onde me sinto bem. Eu venho porque devo muito à Nossa Senhora”, realçou.

A peregrina adiantou que, “quando trabalhava, vinha 15 dias”. Agora, reformada, multiplica por dois a quinzena.

Ao Papa, Maria Manuela faz o pedido de paz para o mundo. “Ele quer a paz, mas os políticos fazem a guerra”. E mais um: “Que botasse mão à nossa Igreja que está toda de pernas para o ar”, referindo-se aos abusos sexuais cometidos por elementos da Igreja Católica.

No programa de férias, está, religiosamente, a participação na missa das 11h00 e, à noite, a recitação do terço e procissão das velas. “É a rotina”, observou.

Raquel Ferreira, a neta, estudante de Proteção Civil, acompanha os avós desde bebé a Fátima, onde mantém amizades com a mesma idade.

“Não troco nada por estar aqui”, afiançou a jovem, subscrevendo as palavras da avó.

Numa outra tenda, no mesmo parque, Augusto Fonseca, de 70 anos, de Espinho (Aveiro), contou que “faz isto há largos anos”, isto que é o mesmo que dizer passar férias em Fátima.

“Gostamos e a patroa gosta de assistir ao terço das 18h30, ver o adeus à Virgem e a procissão das velas. São as nossas férias”, afirmou Augusto Fonseca, que chegou a Fátima no dia 19 e conta sair após a peregrinação do migrante e refugiado, em 12 e 13 de agosto.

Além deste período, o casal repete as férias em maio e outubro, por ocasião das peregrinações mais importantes ao Santuário de Fátima.

Este ano, o casal veio “mais cedinho” por recear que fechassem os parques devido à visita do Papa, contou Palmira Rocha, de 67 anos, contente por poder ver Francisco.

“Temos um papa em agosto. Em agosto, nunca veio”, disse, concordando tratar-se de um bónus.

Em maio de 2017, o casal também estava em Fátima, onde chegou numa excursão. “Vi, sim, ele [Papa] andar no carrinho”.

Na tenda onde recebeu a Lusa, junto a uma mesa onde não faltava uma jarra com flores, Palmira Rocha explicou que “vem agradecer muito, muito a Nossa Senhora”.

“É especial para mim”, referiu, quando as lágrimas já pareciam querer lançar-se dos olhos, acrescentando: “A gente sente-se bem”.

Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ, com o Papa Francisco, de 1 a 6 de agosto. Francisco chega a Lisboa no dia 2 de agosto, tendo prevista uma visita de duas horas ao Santuário de Fátima no dia 5 para rezar pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia.