O atual selecionador da Nigéria falou ainda sobre o ‘fracasso’ dos Galáticos e vários jogadores portugueses que dão cartas no estrangeiro.

Numa extensa entrevista ao jornal AS, José Peseiro fez uma antevisão à participação do Sp. Braga na Liga dos Campeões. Um clube e uma competição que o treinador bem conhece. Peseiro dá o favoritismo ao Real Madrid mas admite uma surpresa dos bracarenses.

“A segunda vez que o Braga jogou na Liga dos Campeões foi comigo. Jogámos com a Udinese nos playoffs e ganhámos. E jogámos na fase de grupos. O Madrid é o Madrid, o favorito para ganhar a Liga dos Campeões. Tem melhores jogadores do que o Braga, mas no futebol tudo pode acontecer. O Shakhtar já ganhou 2-3, por exemplo. Por vezes, quando o Madrid joga contra equipas que não têm tantos nomes, pode ter um mau resultado. Se não jogarem com todo o seu potencial, podem ter problemas. O Braga tem muito bons jogadores, não começou bem o campeonato, mas manteve os bons jogadores e, para além disso, trouxe outros com experiência: Fonte, Moutinho, Pizzi. E têm grandes jogadores com Djaló, Horta, Bruma, Abel Ruiz. Têm dois grandes jogadores por posição. Se me disserem quem é o favorito: o Real Madrid”.

Peseiro foi ainda questionado sobre alguns jogadores que lançou no futebol português, especialmente durante as passagens por Sporting e FC Porto. Rúben Neves é um deles. “O Rúben é um pouco como o Busquets. Teria sido uma boa solução para o Barcelona. É um jogador capaz de liderar a equipa. Consegue fazer passes curtos, passes longos, fazer boas ligações, jogar por dentro e por fora. Quando ouvi dizer que ele podia ir, casou bem com o futebol do Barcelona. Manuseia bem a bola, vai à bola, faz passes precisos a 70, 60 metros. Pareceu-me que era uma boa solução para os dois: para o Barça e para o Rúben. Foi uma grande surpresa a saída do Al Hilal, mas quando o Rúben viu que não tinha hipóteses de ir para o Barcelona, procurou outro caminho para a sua carreira”, afirmou.

Além de Rúben Neves, Peseiro falou sobre outros jogadores lusos que dão cartas no futebol internacional. “Bernardo joga no [Manchester] City e podia ter ido para o Barcelona como dizem. Vitinha no PSG e Bruno titular no [Manchester] United. O que mais queremos? E Palhinha poderia ter ido para o Bayern e temos Danilo no PSG. Não sei se uma seleção tem tantos jogadores nas melhores equipas da Europa como Portugal”, disse.

Peseiro relembrou ainda a experiência no Real Madrid, como adjunto de Carlos Queiroz, na década de 2000. Apesar do forte investimente, faltaram títulos aos ‘galáticos’. “Estava entusiasmado por estar no Real Madrid. Fui treinador adjunto durante um ano com Carlos Queiroz. Precisaria de mais dois ou três anos para aprender mais. Tinha promovido três equipas da Terceira Divisão para a Segunda Divisão e da Segunda Divisão para a Primeira Divisão. E quando fiz um bom campeonato com o Nacional da Madeira, o Queiroz ligou-me e eu liguei ao Mourinho e ele disse-me: “Não podes perder essa oportunidade. Tu vens de onde vens. Conhecer um balneário com grandes jogadores e sentir como é, é muito importante”. (…) Aconteceu que o Florentino, de quem gosto muito, contratou os Galáticos, e o resto do plantel não tinha a mesma qualidade. Fizemos um jogo fantástico durante muito tempo. Não sei se o Queiroz gostou porque o treinador principal estava sempre mais stressado, mas eu gostei no banco. A bola circulava, corria, jogava… Estávamos a lutar por tudo: a final da Taça do Rei, a Liga dos Campeões, a Liga. No final, acabámos por ficar muito mal, porque eram quase sempre os mesmos jogadores. Quase não tínhamos rotações porque eram miúdos”, recorda.