Bracarenses precisaram de sofrer para somar o segundo triunfo consecutivo no campeonato pela primeira vez.

Sporting de Braga voltou a vencer na I Liga, esta quinta-feira, na deslocação ao Estrela da Amadora (2-4), mas não escapou a uma boa dose de sofrimento até aos instantes finais.

Com golos de Álvaro Djaló (2), de Simon Banza e Ricardo Horta o SC Braga bateu o Estrela da Amadora, por 2-4, em jogo da sétima jornada da I Liga portuguesa.

Os tricolores até entraram mais fortes e estiveram perto de abrir o ativo, sobretudo num remate de Ronaldo Tavares, mas seria o conjunto minhoto o primeiro a mexer com o marcador, quando Banza assistiu Álvaro Djaló, completamente solto na grande área, à passagem do minuto 13.

A equipa de Sérgio Vieira não baixou os braços e foi em busca do empate, porém, apesar da insistência, o marcador não sofreu mais alterações até ao apito final.

Artur Jorge mexeu ao intervalo, com a entrada de Abel Ruiz para ocupar a vaga deixada por Pizzi, e acabaria por ver a sua equipa a chegar ao segundo golo aos 49 minutos, novamente por intermédio de Álvaro Djaló, na recarga a um remate do colega Banza.

Ora, seria mesmo Banza, após estar envolvido nos primeiros dois golos, a fazer o terceiro da equipa arsenalista, aos 68 minutos, ficando a sensação de que o triunfo estaria entregue. A verdade é que… não, não estava.

Aos 75 minutos, Kikas aproveitou um passe de João Reis e, com uma ‘cueca’ a Matheus, relançou a partida na Reboleira, sendo que a maior loucura no Estádio José Gomes acabaria por surgir pouco depois, quando, aos 79 minutos, Jean Felipe rubricou um golaço na cobrança de um livre direto.

Artur Jorge percebeu o rumo que o jogo estava a levar e, com uma dupla alteração para dar frescura ao meio-campo e ao ataque, acabaria por resolver a partida, com o golo decisivo de Ricardo Horta (90+4′), não sem antes o Estrela ter ficado perto do 3-3, aos 87 minutos, quando Ndour falhou na cara de Matheus.

Com este resultado, o Sporting de Braga cola-se ao Boavista na quarta posição, com 13 pontos, enquanto o Estrela mantém os mesmos cinco, no 15.º lugar.

Artur Jorge, treinador do Sp. Braga, em conferência de imprensa, depois da vitória sobre o Estrela da Amadora, no Estádio José Gomes

 No momento em que nós fizemos quatro golos contra dois do adversário, numa vitória que me parece justa, tendo em conta o decorrer dos 90 minutos. Era importante para nós ganhar em cima de ganhar. Vínhamos em busca desta vitória com muita determinação. Vínhamos para contrariar este Estrela e penso que a vitória é justa.

Um jogo que já serviu para preparar a visita a Berlim [jogo com o Union, para a Champions]?

– Em termos de estrutura, há algumas semelhanças entre as equipas, mas as dinâmicas é que são completamente diferentes. O que preparámos foi apenas a pensar no Estrela. Sabíamos onde o Estrela era forte, procurámos anular esses momentos e acabamos por o conseguir de uma forma segura e também justa.

Saída do Pizzi ao intervalo?

– Se vocês repararam tivemos de alterar a nossa estrutura logo no início, muito próximo dos cinco minutos, quando perdemos o Victor Gómez, quando tivemos de colocar o Ricardo no lado esquerdo. O Victor é um jogador com muita profundidade que sabíamos que o Serdar já não teria. Estou satisfeito com o desempenho de todos os jogadores, incluindo os que entraram para acrescentar valor.

Lesão de Victor Gomez é grave?

– Fizemos as alterações necessárias para o jogo de hoje, para aquilo que queríamos, garantindo estabilidade e qualidade. Nem sempre aconteceu isso, permitimos a reação do Estrela. Uma reação que se traduziu em golos por erros nossos. É uma falta que fizemos que dá o segundo golo. Mas preparamos a equipa para o jogo de hoje e não para o jogo daqui a quatro dias. O Victor dificilmente estará disponível para o jogo com o Barcelona.

Rodrigo Zalazar voltou a ser substituído…

– É um jogador que vem de um contexto diferente, vem o para se adaptar à nossa realidade, não só do futebol português, mas às dinâmicas do Braga. O facto de jogar mais ou menos tempo, depende do seu desempenho ou na minha necessidade de alterar o jogo com jogadores com diferentes características.

Sérgio Vieira, treinador do Estrela da Amadora, em conferência ed imprensa, depois da derrota, em casa, diante do Sp. Braga (2-4), no jogo de abertura da 7.ª jornada da Liga:

Orgulhoso pela forma como a equipa se bateu ou desiludido por não ter pontos?

– O orgulho está na atitude, na forma como a equipa se entrega ao jogo, como querem cumprir as nossas tarefas. Desde o primeiro jogo que queremos uma equipa pressionante que não deixa os nossos adversários respirar. Só que depois de ganharmos a bola, temos de saber o que fazer com ela. Para isso precisamos de confiança, precisamos de amadurecer. Como queremos fazer um jogo completo, em todos os momentos, acabamos por perder o rigor, noutros momentos que são fundamentais. Não podemos começar o jogo e perder a noção da profundidade. Depois tivemos uma oportunidade clara, mas não chega, temos de ser mais regulares do ponto de vista defensivo.

– Sou eu que tenho encontrar a melhor estratégia para defender e atacar. O plano geral é eles serem rigorosos em todos os momentos, é eles serem regulares, a irregularidade permite que o adversário aproveite, foi isso que aconteceu. Temos de refletir. Mas deixa-me orgulhos a atitude. Poderíamos ter feito o 3-3. Não foi só aí, foi todo o jogo. Estou desiludido pelo resultado. Temos de ter os pés bem assentes no chão e reconhecer que os nossos objetivos são diferentes das equipas que estão na Champions. Temos jogadores que chegaram agora, como foi o caso do André. Esta é realidade neste momento, vamos ver se vai ser diferente daqui a uns meses. A ambição deste grupo é mais do que tentar manter o Estrela na elite.

Empate seria mais justo esta noite?

– Uma equipa que quer empatar contra um Braga que vai jogar na Liga dos Campeões na terça-feira não pode cometer os erros que cometemos e se chegássemos ao empate era pela determinação dos jogadores que entraram, mas a falhas que tivemos proporcionaram transições ao Braga e isso paga-se caro. Temos de crescer na dor, na frustração e nos resultados. Temos também de perceber que há cosias boas a acontecer.

O Estrela acabou com um 4x2x4?

– Quem conhece um pouco da minha história e esta equipa do Estrela do ano passado, não jogamos em função do sistema. Podemos jogar com três centrais, mas em alguns momentos estamos em 5x4x1 ou em 4x3x3, depende do espaço que queremos pressionar, depende dos adversários, da estratégia. Estes jogadores cresceram muito o ano passado ao longo da época e a minha expetativa é essa, apesar de alguns terem chegado aqui há poucas semanas. É com muito orgulho e com muito trabalho que estes jogadores têm esta atitude. Comentem erros, é verdade, tem acontecido nesta fase inicial, mas temos de ajustar o que tivermos de ajustar do ponto de vista tático para conquistarmos pontos. Não é pela tática ou pelos jogadores que entraram que vamos mudar a nossa lógica. Os jogadores têm essa capacidade de mudar essa dinâmica. Temos que fazer que o resultado disso sejam pontos.

Ficha de jogo

Jogo realizado no Estádio José Gomes, na Amadora.

Estrela da Amadora – SC Braga, 2-4.

Ao intervalo: 0-1.

Marcadores:

0-1, Álvaro Djaló, 13 minutos.

0-2, Álvaro Djaló, 49.

0-3, Simon Banza, 68.

1-3, Kikas, 75.

2-3, Jean Filipe, 79.

2-4, Ricardo Horta, 90+4.

Equipas:

– Estrela da Amadora: Bruno Brígido, Johnstone Omurwa, Miguel Lopes (André, 61), Kialonda Gaspar, Hevertton Santos (Jean Felipe, 74), Aloísio Souza (Pedro Sá, 46), Léo Cordeiro, João Reis, Ronald Pereira, Léo Jabá (Kikas, 61) e Ronald Tavares (Ndour, 46).

(Suplentes: António Filipe, André, Jean Felipe, Erivaldo Almeida, Pedro Sá, Keliano, Nkanyiso Shinga, Kikas e Ndour).

Treinador: Sérgio Vieira.

– SC Braga: Matheus, Víctor Gomez (José Fonte, 06), Serdar, Niakaté, Cristián Borja, Al Musrati, Zalazar, Álvaro Djaló, Pizzi (Abel Ruiz, 46), Ricardo Horta e Simon Banza (João Moutinho, 69).

(suplentes: Hornicek, José Fonte, Bruma, Abel Ruiz, André Horta, Vítor Carvalho, Adrián Marín, Rony Lopes e João Moutinho).

Treinador: Artur Jorge.

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Léo Cordeiro (17), José Fonte (44), Matheus (75) e Serdar (77).

Assistência: Cerca de 5 mil espetadores.