Estudo identifica quatro perfis distintos na forma como a juventude consome informação
Um inquérito realizado pelo projeto YouNDigital, que analisou os hábitos informativos de 1.362 jovens entre os 15 e os 24 anos a viver em Portugal, revelou que muitos consideram as notícias “tendenciosas” e “aborrecidas”, sobretudo no que diz respeito a temas políticos. O estudo, desenvolvido pelo Centro de Investigação da Universidade Lusófona (CICANT) com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, identificou quatro grupos distintos com diferentes padrões de consumo de informação.
Os quatro perfis de jovens consumidores de notícias
1. Exploradores Digitais Centrados no Lazer
Este grupo, que representa uma maior percentagem de respostas masculinas (50,27%), manifesta interesse por temas como desporto, tecnologia, saúde e entretenimento. No entanto, considera as notícias políticas desinteressantes e recorre a youtubers e redes sociais como principais fontes de informação, em detrimento de jornais, rádio ou professores.
2. Exploradores Digitais de Temas Variados
Com 59% de respostas femininas, este grupo mostra um maior interesse em áreas como saúde, entretenimento, tecnologia, sociedade, educação e economia. No entanto, critica a forma como os media abordam os temas, apontando para um impacto negativo no seu estado de espírito. Preferem seguir influenciadores no Instagram e confiam na família como principal fonte de informação.
3. “As Notícias Não São a Minha Praia”
Com 61% de respostas masculinas, este grupo apresenta baixos níveis de interesse nos media, excetuando-se temas como desporto e entretenimento. Tal como os dois grupos anteriores, consideram as notícias aborrecidas e tendenciosas, principalmente quando abordam política. Ainda assim, recorrem ocasionalmente a youtubers e meios de comunicação social para conversas e trabalhos escolares.
4. “Vislumbre dos Media à Antiga”
Mais equilibrado em termos de género (50,69% de respostas femininas e 49,31% masculinas), este grupo tem um interesse relativamente diversificado, dando atenção a desporto, entretenimento e tecnologia. Distingue-se por valorizar mais os jornalistas tradicionais em comparação com os influenciadores digitais, embora partilhe da opinião geral de que as notícias afetam negativamente o estado de espírito. As principais fontes de informação são as redes sociais e os familiares.
Conclusões do estudo
O estudo destaca que, independentemente do perfil, os jovens não demonstram grande valorização das notícias no seu dia a dia, focando-se mais em interesses individuais do que em questões coletivas. A pesquisa também evidencia a importância da escola e da família na formação do pensamento crítico e na orientação do consumo de informação entre os mais novos.
O YouNDigital reforça a necessidade de promover educação para os media e estratégias que tornem as notícias mais apelativas e relevantes para a juventude, combatendo a desinformação e incentivando um consumo informativo mais consciente e diversificado.