Líder do Chega recusa ser “muleta de ninguém” e ataca adversários políticos em jantar-comício no distrito de Braga
O presidente do Chega, André Ventura, afirmou esta quarta-feira à noite, em Guimarães, que o seu partido “não tem medo” de ciganos, imigrantes ou corruptos e garantiu que “nunca será muleta de ninguém”. Num jantar-comício com cerca de 400 apoiantes, o líder do Chega endureceu o discurso político e acusou partidos como o Bloco de Esquerda (BE) e a Iniciativa Liberal (IL) de incoerência nas escolhas para as eleições legislativas de 18 de maio.
“Este partido que é o Chega nunca será muleta de ninguém. Nunca venderemos a nossa identidade e as nossas causas para agradar ao PS, ao PSD ou outro qualquer”, declarou Ventura, acrescentando: “Seja de ciganos, seja de imigrantes, seja de corruptos, seja do PS ou do PSD, nós não temos medo.”
André Ventura criticou diretamente os adversários políticos por alegadamente prometerem renovação geracional, mas optarem por rostos históricos. “O Bloco de Esquerda foi buscar o Louçã, e a Iniciativa Liberal foi buscar o Rui Rocha, esse grande valor jovem e seguro”, ironizou, referindo-se aos candidatos Francisco Louçã e Fernando Rosas (BE), e Rui Rocha (IL).
O líder do Chega reiterou o objetivo de “roubar deputados” a BE e IL, afirmando: “Gostava mesmo que não elegessem ninguém por Braga.”
Ventura acusou ainda a IL de ter funcionado como “muleta do PSD no parlamento”, criticando a aproximação ao CDS-PP e ao maior partido da direita tradicional. “Fizemos um esforço no ano passado para dar estabilidade ao país. Andei televisão em televisão a tentar construir uma maioria. Mas o Chega foi enganado pelo PSD”, declarou.
O comício incluiu ainda uma referência ao caso de um jovem recentemente assassinado num bar em Braga. Ventura acusou os outros partidos de não darem atenção ao caso por o alegado agressor ser brasileiro, contrastando com a reação à morte de Odair Moniz, que desencadeou protestos públicos.
Retomando o discurso anti-imigração, Ventura voltou ao ‘slogan’ que marcou a anterior campanha: “Nem mais um”. E reforçou: “Isto é Portugal, aqui não será nem um novo Brasil, nem um novo Bangladesh, nem um novo Nepal, nem um novo Paquistão, nem uma nova Índia. Aqui é Portugal, será Portugal para sempre.”
Aproveitando o lema da AD, “Deixa o Luís trabalhar”, Ventura lançou um contraponto: “Luís, volta a trabalhar e deixa o André governar.”
Antes do jantar, em declarações aos jornalistas, comentou ainda a proposta do primeiro-ministro sobre alterações à lei da greve, dizendo que se trata de “influência partidária” e um “erro de cálculo”. Defendeu alterações apenas nos serviços mínimos, sublinhando que o direito à greve “é uma questão constitucional”.
Ventura concluiu pedindo esclarecimentos a Luís Montenegro sobre as suas afirmações relativas à influência de partidos nas greves da CP e reforçou a necessidade de indemnizações aos utentes quando há falhas no serviço de transporte.