O candidato presidencial Luís Marques Mendes lançou duras críticas ao seu adversário na corrida a Belém, o almirante Henrique Gouveia e Melo, alertando que uma eventual eleição do antigo chefe da Armada pode representar “um risco enorme” e “um perigo para a democracia”.

Em entrevista ao podcast Política com Assinatura, da Antena 1, o ex-presidente do PSD começou por reconhecer que a ideia de um Presidente da República vindo de fora da política pode parecer atrativa, mas advertiu para as possíveis consequências. “À primeira vista, é sedutor. Mas depois pode ser um risco enorme e um perigo para a democracia”, afirmou.

Falta de clareza e incoerência

Confrontado com a possibilidade de Gouveia e Melo representar uma radicalização do exercício presidencial, Marques Mendes evitou uma resposta direta, preferindo destacar a falta de posições públicas claras por parte do almirante. “Quase não conhecemos a posição de Gouveia e Melo sobre assunto nenhum. E nos poucos temas em que já se pronunciou, teve pelo menos duas opiniões diferentes sobre a mesma matéria”, criticou.

O candidato social-democrata acrescentou que, agora que Gouveia e Melo oficializou a sua candidatura, é tempo de começar a esclarecer a sua visão para o país e o papel que pretende desempenhar como Presidente da República.

Caso Mondego: “Deve explicações ao país”

Marques Mendes aproveitou ainda para lembrar o polémico caso do navio-patrulha Mondego, em que Gouveia e Melo, enquanto Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), repreendeu publicamente os militares que se recusaram a cumprir uma missão por razões de segurança.

Segundo o Supremo Tribunal Administrativo (STA), que se pronunciou recentemente sobre o caso, as sanções aplicadas aos militares foram consideradas nulas devido a diversos “vícios do procedimento disciplinar”. A decisão confirmou uma sentença anterior do Tribunal Central Administrativo Sul, que já tinha julgado ilícitas as punições.

“O tribunal disse que Gouveia e Melo, como CEMA, não agiu bem”, reforçou Marques Mendes. “Portanto, pode já começar a dar explicações ao país sobre essa derrota em tribunal.”

Contexto: um teste ao perfil presidencial

O episódio do Mondego, que remonta a março de 2023, tornou-se um dos episódios mais controversos da carreira pública de Gouveia e Melo. À época, os militares recusaram-se a cumprir uma missão de vigilância a um navio russo, alegando condições de segurança inadequadas. O almirante viajou até à Madeira para repreender pessoalmente os envolvidos, uma atitude que viria a ser juridicamente contestada.

Com o início da corrida presidencial a aquecer, estas declarações de Marques Mendes colocam em evidência os primeiros grandes embates entre candidatos e abrem espaço para a discussão sobre o perfil, a experiência política e o passado institucional dos concorrentes a Belém.

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